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Como vai a vossa carteira?

A minha emagrece olhos vistos.

E digo para mim mesmo “é a economia, estúpido, é a economia”

Os salários são agora mais pequenos que as compras.

Inflação e juros a subir,

E uma pergunta fundamental: se Portugual está a ficar todos os anos mais rico, porque estamos nós, cidadãos e donos do país, mais pobres?

Será só a economia?

O meu fascínio pela matemática dos grandes números é inversamente proporcional à minha compreensão desse lado da barricada.

Sou das letras, penso em forma de letras, palavras, frases e poemas.

E fico hipnotizado quando me falam do PIB, da dívida pública, dos indicadores macroeconómicos e das perspetivas de crescimento.

É uma dança de muitos mil milhões de euros, difíceis de imaginar, mas com impacto na nossa carteira.

E aí já todos sabemos a matemática da vida real.

Portanto esta edição não vai tentar perceber o que é uma imparidade, que nas contas dos bancos quer dizer “buraco”

Nem tão pouco perceber os multiplicadores da economia, os rácios de divida ou inebriantes dança das flutuações cambiais do euro, dólar ou libra.

Hoje falámos da vida real. De vidas normais. De contas de supermercado. De empréstimos para comprar a casa ou o carro.

E até de raspadinhas, totolotos e lotarias.

Para isso pedi a ajuda de Sandra Maximiano, professora do ISEG e colunista regular nos jornais. É que ela dedica-se a explicar a economia real e a tentar perceber como funciona a mente dos seres humanos nessa relação com o dinheiro.

O dinheiro que temos, o que gastamos, o que devemos e o que gostaríamos de ter.

Um caldo que mete salários, inflação, juros dos depósitos e dos empréstimos.

E, confesso, a minha primeira intenção era tentar perceber porque está o pais cada vez mais rico, com o tal PIB a crescer, mas a nossa carteira cada vez mais magrinha

Quem se lembrou de dizer que o dinheiro não traz felicidade?

Se calhar deveríamos postular: Quem não tem dinheiro é menos feliz.

Quem tem algum dinheiro e vê a inflação, gulosa, desvalorizá-lo fica ansioso.

Esta coisa de empobrecer é uma ideia que me aborrece.

E a equação ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres precisa de ser arranjada.

Se não, a economia deixa de ser uma respeitável ciência e passa a ser uma descarada desculpa.

LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO

TRANSCRIÇÃO AUTOMÁTICA

00:00:12:03 - 00:00:12:05
JORGE CORREIA
A.

00:00:12:22 - 00:00:38:17
JORGE CORREIA
Obra viva. Um bem vindos ao pergunta simples voz, podcasts sobre comunicação. Então como é que vai a vossa carteira? A minha emagreça a olhos vistos e digo para mim mesmo é a economia, estúpido! E a economia? Os salários são agora mais pequenos do que as compras. A inflação e os juros estão a subir. E tenho uma pergunta fundamental se Portugal está a ficar todos os anos mais rico, cada vez com mais PIB.

00:00:39:05 - 00:00:53:06
JORGE CORREIA
Porque estamos nós, cidadãos e donos do país, afinal mais pobres? Será só economia?

00:00:55:19 - 00:01:22:14
JORGE CORREIA
O meu fascínio pela matemática dos grandes números é inversamente proporcional à minha compreensão desse lado da barricada. Nas letras, penso em forma de letras, palavras, frases e poemas e fico hipnotizado quando falam do PIB, da dívida pública, dos indicadores macroeconómicos e das perspetivas de crescimento. É uma doença de muitos 1000 milhões de euros. Difíceis de imaginar, mas com um impacto real na nossa carteira.

00:01:23:03 - 00:01:55:23
JORGE CORREIA
E aí já todos sabemos a matemática da vida real. Portanto, esta edição não vai tentar perceber o que é uma imparidade nas contas dos bancos. O que quer dizer buraco? Nem tão pouco perceber os multiplicadores da economia, os rácios da dívida ou as inebriantes flutuações cambiais do euro, dólar ou da libra? Os falamos da economia real, da vida real, das vidas normais, de contas de supermercado, de empréstimos para comprar a casa ou carro e até de raspadinhas, totoloto e lotarias.

00:01:56:15 - 00:02:21:16
JORGE CORREIA
Para isso, pedia ajuda de Sandra Maximiano. Ela é professora do ISEG e colunista regular nos jornais. É que ela se dedica a explicar a economia real e a tentar perceber como funciona a mente dos seres humanos nesta nossa relação com o dinheiro. O dinheiro que temos. O que gastamos? O que devemos e o que gostaríamos de ter. Um caldo que mete salários, inflação e juros dos depósitos e dos empréstimos.

00:02:21:23 - 00:02:34:02
JORGE CORREIA
E confesso, a minha primeira intenção era tentar perceber porque está o país cada vez mais rico, com o tal PIB a crescer. Mas a nossa carteira cada vez mais magrinha.

00:02:35:17 - 00:02:53:13
SANDRA MAXIMIANO
Estamos numa altura também de grande inflação. Portanto, apesar de a inflação estar a dar algumas tréguas. Mas ainda são sem tréguas, ainda muito tímidas, no sentido em que não vemos os preços ainda a descerem. O que vimos é uma desaceleração da inflação e, portanto, eles.

00:02:53:13 - 00:02:54:09
JORGE CORREIA
Continuam a crescer.

00:02:54:18 - 00:03:39:13
SANDRA MAXIMIANO
E alguns preços continuam a crescer. Não é? Não é realmente um movimento muito homogéneo nem para todos os produtos. Mas há realmente ainda um crescimento de preços. Mas esse crescimento de uma forma também mais lenta, o que também é justificável. Ainda temos a guerra e não é com novos acontecimentos que nos augura um grande optimismo nesse sentido. Então é natural que temos, tenhamos o PIB, o PIB a crescer e a crescer, porque de uma pandemia com uma recessão que nos últimos anos afetou e conhecemos um crescimento que era natural, era de esperar que houvesse essa aceleração depois, depois da crise pandémica.

00:03:39:14 - 00:03:49:04
JORGE CORREIA
Então quer dizer que este crescimento pode ser de alguma maneira? Não digo artificial, mas, mas estamos a comparar nos com com um buraco negro.

00:03:50:15 - 00:04:12:22
SANDRA MAXIMIANO
Diria não diria um buraco, não diria um buraco negro. Porque? Porque, apesar de não ser, eu acho que se calhar, em vez de dizer artificial, diria talvez temporário, porque tem um crescimento em V que nem todos os economistas provam. Quando nós não esperaríamos que a economia portuguesa tivesse esse tipo de comportamento, então.

00:04:12:22 - 00:04:14:16
JORGE CORREIA
Estava mais pessimista, estava mais pessimista.

00:04:14:19 - 00:04:39:13
SANDRA MAXIMIANO
Estávamos um pouco alguns nós estávamos um pouco mais pessimistas, sim, até porque havia muito, muito essa noção de que que as preferências das pessoas iam ser muito afetadas pela pandemia e que as pessoas iam preferir algo diferente. Isso é que é um exemplo muito simples. Nós temos uma economia que é muito baseada no turismo e que vive muito à base do turismo.

00:04:39:13 - 00:05:06:06
SANDRA MAXIMIANO
Todo este crescimento foi, em parte e em grande parte diria, por causa do crescimento do turismo pós pandemia. Mas o que se esperava e alguns de nós esperávamos foi era sobretudo uma alteração de preferências de que as pessoas percebessem que, se calhar, aquele consumo desenfreado que houve antes da pandemia e aquelas coisas de viajar muito, conhecer novos sítios.

00:05:06:06 - 00:05:07:00
JORGE CORREIA
Não era natural.

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SANDRA MAXIMIANO
Que não era natural naquela altura que as pessoas procuravam isso, mas que depois de uma crise pandémica, que.

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JORGE CORREIA
Se está sem.

00:05:16:13 - 00:05:29:07
SANDRA MAXIMIANO
Se assustar, sem mais e que outros valores, se se sobrepusesse, nomeadamente à questão de estar mais tempo com os amigos, estar mais tempo com as pessoas, tem com as pessoas que se conhece há muito tempo, estar com a família.

00:05:29:22 - 00:05:36:15
JORGE CORREIA
Valorizar aquilo que era emocionalmente no fundo reprodutivo e não essa ânsia de comprar tudo.

00:05:36:21 - 00:05:58:18
SANDRA MAXIMIANO
Não há sido comprar tudo e viajar e de conhecer outros sítios e outros países e outras culturas que ao fim e ao cabo é muito interessante, enquanto enquanto turista não é, mas que também não nos dá essa ligação profunda com aquela que temos, com os nossos amigos e com a família. E isso prova se um pouco que as pessoas pensassem ou começassem a preferir um outro modo de vida.

00:06:00:02 - 00:06:21:06
SANDRA MAXIMIANO
Se calhar procurassem outro tipo de experiências, não tanto aquela experiência de conhecer novos mundos, mas uma experiência mais em casa. E é claro que, tendo essas expectativas, eu pelo -1 pouco também essas expectativas e que é que isso iria afetar, obviamente, o turismo e a procura de bens e serviços de turismo?

00:06:21:19 - 00:06:25:09
JORGE CORREIA
REFREAR. No fundo, está assim de começou exactamente.

00:06:25:09 - 00:06:38:08
SANDRA MAXIMIANO
Isso não aconteceu, não aconteceu. Portanto, o que aconteceu foi realmente também o que também não era. Não, não é uma surpresa muito, muito grande, porque nem as pessoas muito tempo fechadas em casa e com essa sensação de saída.

00:06:38:15 - 00:06:41:22
JORGE CORREIA
Atravessaram assim e para já nos livramos desta. Agora vamos Masegosa.

00:06:42:03 - 00:07:08:08
SANDRA MAXIMIANO
Agora vamos rezar a vida a um pouco também isso. E depois vão. Aqui tem havido um pouco Portugal estar na moda, Lisboa, Porto estarem na moda e outros outras vilas e cidades portuguesas. E acabámos por ter também tirar vantagem disso. Temos um turismo em alta, que contribuiu muito para este, para essa recuperação em vir de Portugal e o PIB a crescer muito face portanto face ao setor de exportação.

00:07:08:08 - 00:07:18:24
SANDRA MAXIMIANO
Mas que é um setor de bens transacionáveis, tem basicamente o turismo e há uma redução das importações. Portanto, nós reduzimos realmente o nosso consumo interno e.

00:07:18:24 - 00:07:22:22
JORGE CORREIA
Isso, em princípio, é uma boa notícia. Estamos a comprar ou estamos a ficar mais pobres e por isso.

00:07:23:12 - 00:07:41:23
SANDRA MAXIMIANO
Os franceses, até irlandeses? Não,