As pessoas estão a sofrer.
Isso mesmo, sofrem por causa do trabalho.
O tema não é muito discutido, mas algo de grave está a acontecer.
Olhem os números. Os crus números dum estudo feito a uma amostra de 2 mil trabalhadores:
80% confessa que sente pelo menos uma destas coisas: tristeza, irritabilidade, exaustão e cansaço extremo.
E 63% dos respondendentes tem 3 destes sintomas.
Os ingleses usam como definição para isto a palavra “burnout”
Nós por cá usamos a expressão “está todo queimadinho” ou “fritou da pipoca” quando alguém já mostra sinais claros de esgotamento.
E o que tem a ver isto com comunicação?
Muito.
Depois de optimizar as máquinas sobram os humanos para otimizar.
Para incrementar a sua produtividade. A sua performance.
E isso está a gerar múltiplas contradições nos ambientes de trabalho.
Das expectativas desmedidas ao afastamento entre as lideranças de topo e os trabalhadores de base.
Com um grupo a fazer de fiambre ou queijo nesta sandes: as ditas chefias intermédias. São um dos grupos que mais sofre psicologicamente tentando absorver as tensões da base e do topo.
Em resumo: está quase toda a gente à beira de uma ataque de nervos
NOTAS E TEMAS:
Impacto do trabalho na saúde mental dos trabalhadores [00:01:17]80% dos trabalhadores em Portugal confessam sentir tristeza, irritabilidade, exaustão ou cansaço extremo. A psicóloga Tânia Gaspar discute a importância do bem-estar dos trabalhadores.
Identificação com a função e o papel na organização (00:05:14)Tânia Gaspar fala sobre a importância da identificação com a função e o papel na organização, em vez da identificação com a organização em si. Jovens valorizam a vida individual e querem sentir-se valorizados e ter autonomia.
Ligação e propósito no trabalho (00:06:11)A ideia de propósito e ligação no trabalho é discutida como uma forma de engajamento e realização pessoal. Jovens querem sentir-se valorizados e ter justiça intergeracional.
Impacto do trabalho na saúde mental dos trabalhadores (00:07:26)A psicóloga Tânia Gaspar discute a importância do bem-estar dos trabalhadores e da identificação com a função e o papel na organização.
Equilíbrio entre trabalho e vida pessoal (00:08:41)Os apresentadores discutem a dificuldade de estabelecer limites entre trabalho e vida pessoal, especialmente com a tecnologia moderna.
Prevenção do burnout (00:11:15)Tânia Gaspar fala sobre estratégias para prevenir o burnout, incluindo limitar o tempo gasto em e-mails e outras tarefas relacionadas ao trabalho.
Impacto do trabalho na saúde mental dos trabalhadores (00:13:16 - 00:15:48)Discute-se o burnout e os sintomas associados, bem como as causas que vão além do excesso de trabalho.
Teletrabalho e trabalho híbrido (00:17:34 - 00:19:43)Reflete-se sobre a resistência das organizações em manter o teletrabalho e o trabalho híbrido, apesar de serem opções mais desejadas pelos trabalhadores, e a importância da liderança e do contato com os colegas.
Avaliação do desempenho em teletrabalho (00:18:25 - 00:19:42)Sugere-se a avaliação do desempenho dos trabalhadores em teletrabalho para as empresas poderem tomar decisões mais informadas sobre a manutenção ou não dessa modalidade de trabalho.
O papel das lideranças (00:21:18)Discute-se a importância de lideranças justas e inspiradoras, que confiam nos seus subordinados e têm uma visão estratégica global.
A importância da visão estratégica (00:24:04)A psicóloga Tânia Gaspar fala sobre a importância de uma visão estratégica para a organização, mas que não deve ignorar os problemas reais dos trabalhadores.
Os desafios das chefias intermédias (00:25:51)Discute-se o papel das chefias intermédias, que muitas vezes são pressionadas a controlar e a imiscuir-se em situações que não têm conhecimento, e que precisam de equilibrar a visão estratégica com as necessidades dos trabalhadores.
Importância da liderança na comunicação (00:26:32)Discute-se a importância da liderança na comunicação com os trabalhadores, com destaque para a necessidade de uma liderança que esteja ao lado dos profissionais e que tenha em conta as necessidades e a realidade das outras pessoas.
Gestão inadequada de recursos humanos (00:29:18)Aborda-se a gestão inadequada de recursos humanos, com destaque para a falta de valorização do que cada pessoa pode fazer e para a dificuldade de gestão dos recursos existentes.
Importância da proximidade entre líderes e trabalhadores (00:32:19)Destaca-se a importância da proximidade entre líderes e trabalhadores, com destaque para a valorização que os trabalhadores sentem quando os líderes vão aos postos de trabalho deles e passam o dia com eles.
Importância da comunicação aberta (00:34:15)A psicóloga Tânia Gaspar fala sobre a importância da comunicação aberta e do envolvimento dos trabalhadores nas decisões da organização, para evitar desânimo e mal estar.
Feedback nas organizações (00:36:02)Tânia Gaspar explica que a cultura portuguesa dificulta a prática de dar e receber feedbacks nas organizações, e que as recompensas não financeiras podem incentivar os profissionais.
Segurança psicológica no trabalho (00:38:36)Tânia Gaspar fala sobre a importância da segurança psicológica no trabalho, para que os profissionais se sintam à vontade para errar e testar coisas novas, sem medo de serem prejudicados.
Feedback e avaliação de lideranças (00:39:58 - 00:40:42)A importância do feedback e da avaliação de lideranças para melhorar o ambiente de trabalho.
Coaching psicológico das lideranças (00:41:13 - 00:42:01)A necessidade de trabalhar com as lideranças para promover segurança e melhorar a comunicação com a equipe.
Redes sociais e espaço interpessoal (00:44:36 - 00:46:40)A importância de refletir sobre a relação com colegas de trabalho nas redes sociais e respeitar o espaço interpessoal de cada um.
Impacto do trabalho na saúde mental dos trabalhadores (00:46:41)A psicóloga Tânia Gaspar discute a importância de refletir sobre o impacto do que se publica nas redes sociais na vida laboral.
Reflexão sobre o que se publica nas redes sociais (00:47:04)Tânia Gaspar destaca a importância de ponderar antes de aceitar convites nas redes sociais e refletir sobre o contexto em que se publica.
Importância da literacia digital nas organizações (00:48:10)Tânia Gaspar sugere a realização de workshops nas organizações para discutir boas práticas e refletir sobre o impacto do que se publica nas redes sociais.
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JORGE CORREIA (00:00:12) - Ora viva um. Bem vindos à pergunta simples do vosso bootcamp sobre comunicação. Estamos praticamente no verão e as férias estão a chegar e bem, precisamos delas. Não sentem o mesmo? Os dias são mais longos, há mais luz. Tudo convida a passear, a ir à praia, a comer um petisco, a beber algo fresco, fazer qualquer coisa para descansar a cabeça. São os meses dos dias bons para recarregar as baterias. E agora, se não se importam, vamos sair deste prometido paraíso das férias e vamos para um inferno chamado trabalho. Para muitos trabalhadores, colaboradores, empregados ou outra maneira qualquer que as possamos definir. É assim que eles se sentem no sítio onde passam muitas horas a trabalhar. Sentem se num inferno. Há boas exceções, mas a fotografia que partilho hoje convosco não é bonita. Se acham que estou a exagerar. Ouçam esta edição do programa e não tinha ideia do sofrimento em que está uma larga maioria das pessoas por causa do trabalho com números do Laboratório Português de Ambientes de Trabalho Saudáveis. Vamos ao programa.
JORGE CORREIA (00:01:17) - Vamos a isso. As pessoas estão a sofrer Isso mesmo, estão a sofrer por causa do trabalho. O tema não é muito discutido entre nós, mas algo de grave está a acontecer. Olhem os números, os crus números do estudo. Feito uma amostra de 2000 trabalhadores em Portugal, 80%, repito, 80% confessa que sente pelo -1 destas coisas tristeza, irritabilidade, exaustão ou cansaço extremo. E 63% dos respondentes têm três destes sintomas ao mesmo tempo. Os ingleses usam como definição para isto a palavra burnout. Nós por cá usamos a expressão está tudo queimadinho ou frito da pipoca quando alguém já mostra sinais claros de esgotamento. E o que é que tem a ver a comunicação com isto? Muito depois de optimizar as máquinas, sobram os humanos para optimizar, para incrementar a sua produtividade, a sua performance. E isso está a gerar múltiplas contradições nos ambientes de trabalho. Das expectativas desmedidas ao afastamento entre as lideranças de topo e os trabalhadores de base, com um grupo a fazer de fiambre ou de queijo nestas sandes. As chamadas chefias intermédias são um dos grupos que mais sofre psicologicamente, tentando absorver as tensões da base e do topo.
JORGE CORREIA (00:02:46) - Face ao panorama do estudo, fui tentar perceber junto da psicóloga Tania Gaspar se está a quase toda a gente à beira de um ataque de nervos. Bom trabalho. Faz nos bem ou faz nos mal?
TANIA GASPAR (00:03:00) - Mas isso é uma pergunta complexa e vai depender muito de pessoa para pessoa e até da altura da nossa vida. Consoante nós temos uma maior prioridade do trabalho ao momento, temos uma maior gratificação no trabalho e uma das questões é importante e realmente também vir nas diferentes faixas etárias. O papel que o trabalho tem e temos sentido uma alteração nas novas gerações que vêem o trabalho numa perspetiva importante na sua vida, mas algo que é uma componente da sua vida, mas que não é componente da sua vida e portanto, realmente privilegio muito bem estar e acho que as entidades empregadoras têm que estar atentas para os reter.
JORGE CORREIA (00:03:40) - O que quer dizer que esta nova geração, ao contrário das gerações anteriores que trabalhávamos que nem os cavalos e desenhando nos na realidade diz Bom, eu estou aqui para trabalhar, tenho competências para trabalhar. Quando eu estiver a trabalhar, estou a trabalhar,