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Abre-se o véu, matéria densa, provocação
Religião é sonho, enigma em contemplação
Não especulação — análise clara, empírica
No rosto do divino, a essência é humana e lírica

Pois o ser divino, objeto da adoração
É só o ser do homem, sem limitação
Onisciência, poder, amor a se elevar
São nossas forças que aprendemos a alienar

Razão concebe o universal, a perfeição abstrata
Deus é o conceito frio, realidade condensada
Infinito e necessário, mas vazio e distante
Um ser puramente lógico, não guia o navegante

Mas a Teologia é Antropologia!
Cada oração é minha própria energia
Para enriquecer a Deus, o homem se desfaz
O segredo da religião: sou eu mesmo, e nada mais

O entendimento é grande, mas não satisfaz
O abismo entre nós e o frio me rouba a paz
É o coração que entra, sentimento vivo e puro
A fé que consola é o abrigo do futuro

A figura da Paixão, o sofredor no altar
Miséria humana elevada, aprendemos a amar
Deus que sofre é só a dor que em mim se revela
Sensibilidade divina — é a minha novela

O Entendimento condena pela lei que não cede
Mas o Amor perdoa, acolhe, compreende
O Amor é o meio, a reconciliação
Entre perfeito e imperfeito, nasce a encarnação

Ele faz do homem Deus, e de Deus, humano
Sem amor não há divino, só vazio insano

Mas a Teologia é Antropologia!
Cada oração é minha própria energia
Para enriquecer a Deus, o homem se desfaz
O segredo da religião: sou eu mesmo, e nada mais

A crença é poder da imaginação
Sacramento só vale pela projeção
O mecanismo revelado, não dá mais pra negar
É hora de reabsorver a essência, se libertar

Razão, amor, vontade — riquezas que me pertencem
Sou a fonte, o autor, a origem de tudo o que cresce
Antropologia é Teologia revelada
O sagrado é o ser humano, em sua força ilimitada

Ateísmo em forma de música. Álbum completo.