Este conto faz parte do livro de Silvia Reis, Um Velho Ateu e Outros Contos.
Mais uma vez Silvia nos traz um história de um amor inconcebível. Um amor platônico de um homem por uma mulher a quem ele considera bela, linda e por quem qualquer um se apaixonaria, mesmo ela sendo casada.
Ele se considera um coadjuvante da história que conta, apenas observando o que acontece na casa que o acolheu, de um parente distante que sequer conhecia quando se muda para a capital após passar em um concurso.
Como observador ele vê essa mulher sendo usada emocionalmente por todos que a cercam, mesmo o marido. Usada abusivamente, embora não no sentido sexual do mesmo.
Como num conto de Poe, Silvia consegue criar um clima em que vemos uma jovem mulher, aos poucos, perdendo suas forças.
O narrador não sabe se ela percebe que é observada no seu cotidiano por ele.
Mas, em um dado instante, em um determnado dia, ele consegue ter uma breve certeza.
Um dia ela o convida para sentar e lê para ele uma pequena parte de um poema de Fernando Pessoa, onde ele diz, através de seu heteronômio Álavaro de Campos que " NÃO É NADA!"
O final, assim como em Poe, surpreende, abruptamente para nós que acompanhamos a narrativa.
Mas é um final de quem observa a um bom tempo o que ninguém mais percebe.
Belíssimo conto.
Produzido, editado, narrado por Carlos Eduardo Valente
Capa produzida a partir de uma foto encontrada na internet para ese audiobook
Música de fundo obtida na internet, livre de direitos autorais.
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