Listen

Description

📚 Especial 189 anos município de Alegrete: 25 de outubro. Hoje ouvimos o poema do alegretense João da Cunha Vargas, publicado no livro "Deixando o Pago". 🎶 Trilha sonora de Noel Guarany, com Nostalgia da Estância e do argentino Atahualpa Yupanqui, El Payador Perseguido. 🎧Ouvindo Literatura, projeto da Biblioteca Pública Mário Quintana. Toda segunda-feira, poesias, contos, crônicas, trechos de escritoras e escritores nacionais e internacionais.

Acompanhe a Biblioteca nas redes: @bibliotecapublicaalegrete (insta) e facebook.com/bpmarioquintana

Deixei a velha querência

Saí de lá mui novinho

Com tabuleta ao focinho

E a marca já descascada

Ponta da cola aparada

Sinal de laço ao machinho

Por estes campos afora

Deste Rio Grande infinito

De pago em pago ao tranquito

Repontando o meu destino

Do campo grosso pro fino

Fui me criando solito

Angico, Mariano Pinto

Picada onde me criei

Por tudo ali eu andei

Bebendo e jogando a tava

Bem montado sempre andava

Corri carreira e dancei

Cruzei picadas escuras

Prum baile ou jogo de prenda

Derrubei porta de venda

Pra tomá um trago de canha

E esporeei boi na picanha

Em tudo que foi fazenda

O que viesse eu topava

Serviço, festa ou peleia

Cortei muita cara feia

De indiozito retovado

E amancei muito aporreado

Com pé-de-amigo e maneia

Um dia me deu saudades

E eu fui rever o meu pago

Sentir da china o afago

E o vento frio do pampeiro

No coração caborteiro

Do meu peito de índio vago

O tempo passou, lá se foi

E eu não queria que fosse

Tudo pra mim terminou-se

Nem eu sou mais o que era

A estância virou tapera

E o que era xucro amansou-se

E hoje só o que me resta

É o pingo, o laço e o pala

Pistola, só com uma bala

E a estrada pra bater casco

No cano da bota um frasco

E um fiambrezito na mala