Paz além da compreensão
A escritora Clarice Lispector, brasileira de origem judia, nascida na Ucrânia, disse certa vez: “Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome”. Suspeito que Clarice, assim como tantos outros, seguia em busca de uma liberdade idealizada por si mesma, mas, infelizmente, quando a encontrou, descobriu que essa liberdade não a tornava suficientemente livre. Sua conclusão, então, foi que o problema estava na liberdade que, aparentemente, vendia o que não entregava. Certamente, a liberdade em si não é o problema. A dificuldade está no que as pessoas pensam acerca do seu significado e dos meios para obtê-la. Jesus disse: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8.36). À parte de Jesus, ficamos não somente sem a verdadeira liberdade, como também sem palavras para dizer o que queremos.
A busca da paz e de tudo que realmente vale à pena terminará em frustração se não tivermos conhecimento do Deus altíssimo, imutável, de Quem provém “toda boa dádiva e todo dom perfeito” (Tiago 1.17). Para nos atrair a Si, Deus nos criou com anseios que somente Ele mesmo pode suprir. Por isso, Jesus disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (João 14.27). O mundo tem a sua paz que é dada por meios alheios à vontade de Deus. Infelizmente, muitos acreditam na propaganda do mundo e se entregam a uma utopia que, nas palavras de Salomão, nada mais é do que correr atrás do vento.
A razão da incompatibilidade entre a paz do mundo e a paz de Cristo está na incongruência entre os desejos do nosso coração e os caminhos do SENHOR. Em Provérbios 14.12, lemos: “Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte”. A paz que não vem do Príncipe da Paz pode trazer uma agradável sensação de felicidade, contudo, por nos manter distantes de Deus, causa decepção e, por fim, a morte. A paz sem Cristo, por mais atraente que possa parecer, não é autêntica. Tem aparência de realidade, porém, em um instante, pode desaparecer como um sonho bonito que se desfaz quando acordamos.
A paz de Cristo supera todas as nossas expectativas, indo além, inclusive, dos limites da nossa compreensão. Aconselhando os cristãos de Filipos a trocar a ansiedade pela oração, Paulo disse: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.” (Fil. 4.7).
Quem deseja encontrar a paz, à parte de Cristo, poderá terminar como Clarice Lispector no que diz respeito à liberdade. Achará uma paz que não é paz e ficará desolado com o que achou. Se, por acaso, você chegou a esse ponto, não precisa procurar um nome para sua necessidade. O que você precisa já tem um doce Nome e se chama Jesus Cristo, o Filho do Deus, o Salvador.