Quando os céus romperam o silêncio dos séculos
Cerca de quatrocentos anos se passaram entre o Antigo e o Novo Testamento. Ao longo desses quatro séculos, muitas coisas significativas aconteceram. Quando o profeta Malaquias, com seu livro (o último do Antigo Testamento), fechou a antiga comunicação de Deus, a Judeia estava sob o domínio do Império Persa. Em Mateus (primeiro livro do Novo Testamento), capítulo um, já era o Império Romano que dominava o cenário político. Entre esses dois grandes impérios, encontra-se o Império Grego, que foi dominado politicamente pelo Império Romano, mas triunfou culturalmente. E esse triunfo ocorreu tão completamente que, até mesmo em Roma, a língua grega predominava sobre o latim. Religiosamente, as mudanças também foram marcantes. Entre os judeus apareceu, por exemplo, uma importante instituição: a sinagoga. Além disso, no período intertestamentário, encontramos a origem de muitas seitas judaicas que aparecem nas páginas do Novo Testamento. Entre essas, as mais conhecidas são as seitas dos fariseus e dos saduceus.
Todos esses movimentos históricos impressionantes não ocorreram por causa da perícia dos sábios ou dos conquistadores deste mundo. Na verdade, Deus estava agindo em todas as coisas, pois, como lemos no livro do profeta Daniel, “o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens e a quem quer constitui sobre ele” (Daniel 5.21). Através dos séculos, em cada mudança significativa, o Altíssimo preparava o cenário, para fazer chegar até a incrível era da plenitude do tempo.
Então, quando tudo estava pronto, Deus resolve romper o silêncio, trazendo, finalmente, uma nova era, que começa com a retomada da revelação. E o movimento da intervenção divina direta tem início dentro do templo, em Jerusalém, quando o anjo Gabriel aparece ao sacerdote Zacarias à direita do altar de incenso, como lemos em Lucas, capítulo um. A mensagem do anjo era impressionante, pois antecipava que Isabel, que era estéril, esposa do velho sacerdote Zacarias, teria um filho. Esse filho era uma peça chave na plenitude do tempo, pois seria o precursor do Messias, conforme os profetas haviam anunciado.
A mensagem do anjo Gabriel era muito importante, pois significava que Deus estava mostrando Sua fidelidade pelo cumprimento da Sua Palavra. Além disso, essa visita do anjo era a primeira de muitas outras visitas angelicais que ocorreriam em Israel nos meses seguintes. Se o precursor estava chegando, era sinal de que o Rei estava às portas.
O refrão simples e doce do Salmo 136 é este: “Porque a sua misericórdia dura para sempre”. E, quando chegamos ao versículo vinte e três desse salmo, aprendemos que uma evidência de que a misericórdia de Deus dura para sempre está no fato de Ele se lembrar de nós em nosso abatimento. O nascimento de Jesus é a prova cabal de que Deus não se esquecera de ser fiel. Sua Palavra jamais cai por terra, pois a Escritura não pode falhar. Os cenários social, político e religioso não eram favoráveis. Porém, no programa de Deus, o tempo estava cumprido: O Filho se humilhou, assumindo a natureza humana, a fim de nos libertar dos nossos pecados.
Reviver as cenas do primeiro Natal é relembrar que Deus mesmo cuida em cumprir Seus planos. Por Seu próprio poder, Deus faz as engrenagens do tempo romperem a inércia. Quando chega o tempo de o SENHOR agir, nada pode impedi-l’O. Que, neste Natal, louvemos ao Deus fiel!