O Natal do Descendente prometido
A primeira menção à vinda do Messias ao mundo se encontra em Gênesis 3.15. Essa maravilhosa promessa, que se tornaria o fio condutor da história da redenção narrada nas Escrituras, foi proferida no Éden, imediatamente após a entrada do pecado no mundo. Enquanto determinava as maldições resultantes da desobediência, o SENHOR Deus disse à serpente: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.”
Essa promessa que, com razão, é conhecida como a primeira apresentação do Evangelho, centraliza-se na figura de um Descendente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente, a qual, nessa história, é o próprio Satanás. Para o primeiro casal, Adão e Eva, não poderia haver notícia melhor. Por isso, ao ouvirem a promessa, creram de todo coração. E tal foi a expectativa em torno desse Descendente prometido que Eva, ao dar à luz Caim, seu primeiro filho, achou que a promessa do Descendente estava se cumprindo. Por isso disse acerca do seu primogênito: “Adquiri um varão com o auxílio do Senhor” (Gênesis 4.1). Porém, no texto original, as palavras de Eva poderiam ser lidas assim: “Adquiri um varão, o Senhor”. O primeiro casal entendeu que, se o Descendente seria capaz de derrotar a serpente, teria que ser mais do que um mero homem; teria de ser o Senhor! Eles não tinham as informações que temos hoje, que é a revelação completa do Antigo e do Novo Testamento. No entanto, Adão e Eva tinham clara compreensão de que, nesse Descendente, Deus se faria homem, como diz João 1.14: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”.
A ansiedade de Adão e Eva pelo Descendente não era à toa. A desobediência do casal havia estragado a humanidade e a criação. Com a entrada do pecado, abriu-se a porta para que a força desintegradora da morte iniciasse sua obra de corrupção. O reino das trevas surge imponente nos domínios da perfeita criação de Deus. A imagem de Deus no homem foi deturpada, e a glória do Criador manifestada na criação já não se via com a mesma clareza. Como fruto do pecado inicial, aparece também o pecado original, pois o “vírus” da rebelião se instalara na própria composição genética da raça humana. Adão, pai de todos os homens, havia se contaminado. Sendo a fonte e a cabeça da humanidade, seu pecado passaria para seus filhos e para os filhos dos seus filhos através dos séculos. Davi disse no Salmo 51.5: “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe”. O apóstolo Paulo também nos ajuda a entender o processo de transmissão do pecado, dizendo: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Romanos 5.12).
Sabe o que não pode jamais ser esquecido nesta época festiva? As palavras do anjo ditas aos pastores no primeiro Natal: “Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lucas 2.10).
É Natal! A promessa do Descendente, o desejado dos séculos, se cumpriu. A morte foi vencida pela vida. Já brilha entre nós a Luz do Céu! Glória a Deus nas maiores alturas!