A maravilhosa genealogia do Filho do Homem
Quando encontramos, nas Escrituras, longas listas genealógicas, temos a tendência de achar que a Bíblia poderia continuar útil a nós sem termos a necessidade de ler aquela lista enorme de nomes difíceis de pronunciar. Se pensarmos assim, estaremos errados. Nas genealogias, podemos ver a evidência clara da veracidade e da utilidade das Escrituras para a nossa vida. Afinal, como disse o apóstolo Paulo em 2Timóteo 3:16,“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil…”.
A esse respeito, as duas genealogias de Jesus, uma no evangelho de Mateus, e a outra no evangelho de Lucas, são um bom exemplo. De modo geral, os judeus davam muita importância às genealogias, pois, por elas, era possível atestar se determinada pessoa pertencia à nação israelita. Além disso, quando alguém se julgava apto para assumir um papel importante, fosse de sacerdote ou de rei, sua árvore genealógica teria que confirmar sua qualificação para tal função.
Querendo provar que Jesus era verdadeiramente o prometido Rei dos judeus, Mateus começa seu evangelho com a genealogia descendente de Cristo, traçando Sua árvore genealógica a partir de Abraão, passando por Davi, e descendo até José, marido de Maria. A lista começa narrando que “Abraão gerou a Isaque; Isaque, a Jacó; Jacó, a Judá e a seus irmãos” (Mateus 1.2). A narração segue esse padrão até que, nos versos catorze e quinze, lemos: “Eliúde gerou a Eleazar; Eleazar, a Matã; Matã, a Jacó. E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo” (Mateus 1.15–16). Notou a mudança…? Jacó gerou a José, mas José foi apenas o “marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo”. José não gerou a Jesus. Maria concebeu milagrosamente por intervenção do Espírito Santo. José era legalmente o pai de Jesus, mas não o era naturalmente.
Embora o Filho de Deus, para ser concebido sem o pecado original, não pudesse ser gerado por um pai humano, para que Ele pudesse requerer legitimamente o direito ao vindouro trono de Davi, precisaria ter, como ancestral, um pai que fosse um legítimo descendente de Davi. Esse era o caso de José que descende de Davi por meio de Salomão. Ao narrar os eventos em torno do nascimento de Jesus em Belém, Lucas diz: “José também subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, para a Judeia, à cidade de Davi, chamada Belém, por ser ele da casa e família de Davi.” (Lucas 2.4). Sendo, portanto, legalmente reconhecido como filho de José, Jesus estava respaldado para receber todos os benefícios de um filho. Ou seja, o Messias era legalmente um verdadeiro filho de Davi, sem ser, ao mesmo tempo, um descendente natural de um homem da linhagem davídica.
O nascimento virginal de Cristo, um problema para muitos, foi, na verdade, a solução divina para que Jesus pudesse ser o herdeiro legal do trono de Davi, mesmo não podendo reivindicar tal posição por meio de prerrogativas genéticas.
A encarnação do Verbo é uma prova do que o próprio Jesus afirmara: “A Escritura não pode falhar”. Natal é tempo para curvarmos nossa alma em adoração ao Deus da Escritura, que, como o Seu autor, é fiel e verdadeira. E se algo que foi prometido parecer impossível, lembremo-nos das palavras do anjo Gabriel à Maria: “Porque para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas” (Lucas 1.37).