Quem decide a história?
Os conselheiros fiscais do imperador estavam preocupados. A arrecadação do império estava em baixa. Tal situação era um grande e perigoso sinal de alerta. Sem arrecadação suficiente, toda a estrutura do fabuloso Império Romano poderia entrar em colapso. Por isso, talvez por orientação dos seus conselheiros ou por uma decisão pessoal, César Augusto, fazendo pleno uso dos seus poderes, decretou um recenseamento, mas com uma nova exigência: todos deveriam ser contados na cidade dos seus ancestrais.
Não é difícil imaginar um historiador romano explicando às gerações posteriores esse evento. Muito provavelmente, seu relato diria que tudo isso aconteceu porque o imperador resolveu fazer tal decreto com o fim de manter maior controle financeiro do império.
Aos olhos dos romanos, o recenseamento que obrigou José e Maria a viajarem da Galileia para a Judeia era uma providência administrativa requerida pelo imperador. Todavia, se o mesmo fato for avaliado pela ótica da providência divina, na verdade, o decreto do imperador de Roma era apenas um meio pelo qual a profecia relativa ao Messias iria se cumprir. Séculos antes que o Império Romano existisse, o profeta Miqueias havia anunciado o lugar exato do nascimento de Jesus: a pequena vila de Belém, cerca de uns dez quilômetros ao sul de Jerusalém. Quando os magos do oriente chegaram a Jerusalém e perguntaram pelo recém-nascido Rei dos judeus, a resposta dos escribas e sacerdotes, conhecedores do Antigo Testamento, foi clara: “Em Belém da Judeia, responderam eles, porque assim está escrito por intermédio do profeta: E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as principais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar a meu povo, Israel” (Mateus 2.5–6).
Muito provavelmente, o imperador romano não conhecia as Escrituras proféticas e, por isso, também não haveria de demonstrar respeito para com o Deus de Israel. Portanto, ao proclamar o decreto do recenseamento, sua única intenção era fazer valer seu poder de decisão, que, aos nossos olhos, seria autônomo e soberano. Talvez o imperador não estivesse levando em consideração o fato de que, muito acima dele, estava Aquele que, no Apocalipse, é descrito como “a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra” (Apocalipse 1.5).
Mateus, quando descreve os eventos relacionados ao nascimento e ministério de Cristo, costuma dizer: “Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta... e menciona o nome do profeta”. A verdade é que a história está sob o comando do SENHOR da história, o Qual se revela nas Sagradas Escrituras.
Se hoje podemos celebrar o Natal é porque existe um Deus poderoso e cheio de graça, que tudo faz segundo o conselho da Sua vontade. Como é bom conhecer e crer nesse Deus que, apesar da Sua infinita glória, é também o nosso Emanuel, o Deus conosco.