Um grande projeto de vida
“Ora, aconteceu que, indo de caminho e já perto de Damasco, quase ao meio-dia, repentinamente, grande luz do céu brilhou ao redor de mim. Então, caí por terra, ouvindo uma voz que me dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Perguntei: quem és tu, Senhor? Ao que me respondeu: Eu sou Jesus, o Nazareno, a quem tu persegues” (Atos dos Apóstolos 22.6–8). É desse modo que Saulo de Tarso, na escadaria do templo em Jerusalém, resume o seu testemunho de conversão a Cristo, o qual aconteceu na estrada de Damasco. Esse momento foi um divisor de águas na vida de Saulo que, imediatamente, passou de perseguidor a perseguido. O homem que antes tentava destruir a fé, agora, estava pronto para morrer pelo Caminho que tanto odiava.
Assim que Saulo, o odioso perseguidor dos cristãos, foi abordado pela gloriosa voz de Jesus, que lhe perguntou o motivo da perseguição, a reação de Saulo foi interrogar: “Quem és tu, Senhor?” É, no mínimo, interessante considerar o motivo que levou Saulo a esse imediato reconhecimento de que estava falando com o Senhor, a quem ele ainda não conhecia.
Para entendermos a essência do que estava envolvido nessa reação de Saulo, devemos levar em conta que estamos falando de um homem extremamente religioso. Em Atos, capítulo vinte e dois, onde Paulo conta a sua história de fé, ele começa destacando que, embora tendo nascido na cidade de Tarso, na Cilícia, fora criado em Jerusalém, onde recebera cuidadosa instrução religiosa aos pés de um famoso professor do Antigo Testamento, Gamaliel, que o instruiu segundo a exatidão da lei, fazendo com que Saulo se tornasse extremamente zeloso para com Deus. Em Filipenses, capítulo três, onde Paulo acrescenta mais informações a sua autobiografia, ele diz que cumpriu, desde o seu nascimento, todos os rituais religiosos do judaísmo, chegando a ser membro da seita dos fariseus, reconhecida pelo zelo extremo com que procurava seguir os preceitos do judaísmo.
Como pode um homem tão religioso e com tão vasto conhecimento do Velho Testamento não conhecer o Senhor, acerca de quem as Escrituras testificam tão claramente? A razão é simples: religião e conhecimento bíblico não significam conhecimento da pessoa de Cristo. Aliás, na maioria dos casos, como aconteceu com Saulo de Tarso, esse fervor religioso termina se constituindo em um grande entrave para o verdadeiro conhecimento do Salvador.
Enquanto caminhamos para o final de mais um ano, seria bom parar um pouco para avaliar o ano que se foi e projetar o que está por vir. Não sei quais são os seus objetivos para 2020, mas gostaria de sugerir que o alvo de conhecer o Senhor fosse o seu primeiro projeto para o ano que se inicia. Que você não se contente com sua religiosidade, suas virtudes pessoais, seu conhecimento bíblico ou com a avaliação que os outros possam fazer da sua espiritualidade. Que Cristo não seja, para você, apenas o grande personagem da história humana ou das páginas das Escrituras, mas que Ele seja seu Amigo, seu Salvador, seu verdadeiro Senhor.
“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17.3).