A eterna luz da vida
Dentre as muitas tradições religiosas do nosso povo, a prática de acender velas quando uma pessoa morre sempre representou um desafio à minha mente infantil. Cada vez que via um velório, perguntava a mim mesmo: Por que acedem velas para os morto? O que aconteceria ao morto se lhe faltassem as velas no momento da morte e nas horas que antecedem o sepultamento? Depois de algum tempo fiquei sabendo que, conforme a tradição, as velas eram acesas para que a pessoa não passasse para a eternidade no escuro. Entendi a motivação da tradição, mas, na minha mente, a confusão ficou ainda maior. Como pode o caminho da eternidade ser iluminado pela luz de velas?
É fácil entender o medo de morrer no escuro. A morte, por si só, já é o bastante para gerar angústia. Se, além disso, a alma do morto tiver que seguir por um caminho escuro, a situação se torna ainda mais pavorosa.
Quem conhece a Jesus e confia nEle tem luz na vida e na morte, pois o SENHOR disse: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida” (João 8.12). O modo como Jesus usou as palavras “Eu sou” comunica que Ele não somente é a luz, mas a única luz “que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem” (João 1.9). Além disso, o SENHOR também está afirmando que Sua luz é suficientemente poderosa para guiar os nossos passos nesta vida e perdurar na eternidade.
Não podemos, entretanto, desprezar a condição que o SENHOR apresenta para que possamos desfrutar da Sua luz. A luz do SENHOR é eternamente poderosa, mas somente será eficaz para aqueles que seguem a Cristo, pois Ele diz: "Quem me segue não andará nas trevas”. Um seguidor é um discípulo, alguém que se submeter ao SENHOR sem reservas, que é capaz de colocar a mão no arado e seguir firme, sem olhar para trás. Seguir a Cristo é mais do que saber fatos acerca d’Ele.
O grande perigo das tradições religiosas é que transmitem falsa segurança espiritual. São atalhos enganosos que se tornam obstáculos à aceitação da verdade. Por causa deles, muitas pessoas sequer se preocupam em conhecer o evangelho conforme encontramos nas Escrituras. Por que assumir a posição de um discípulo de Cristo, tendo que crucificar o próprio eu, se existe alguém ou alguma coisa, além de Cristo, que pode me proteger na vida e na morte?
Pouquíssimo esforço será necessário para reconhecermos a insignificância da tradição das velas em favor dos mortos. Mas, se a minha fé estiver firmada na Pessoa de Cristo, posso descansar na certeza de que Ele estará comigo “ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte”. Ele, sim, poderá iluminar o nosso caminho agora e na hora da nossa morte, amém.