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A história do Êxodo (4): O perigo do coração endurecido

A batalha espiritual na história do Êxodo ocorre em diferentes frentes. Existe, por exemplo, um curioso e instrutivo embate acontecendo no coração de Faraó, que, pouco a pouco, manifesta-se nas atitudes, palavras e ações do governante egípcio.

Como lemos em Romanos, capítulo 1, a revelação da ira de Deus desce do Céu sobre os homens que suprimem a verdade revelada por Deus e a substituem pela injustiça. Fazem isso não inocentemente, mas de modo deliberado, pois, tendo conhecimento de Deus, tanto do Seu eterno poder como da Sua própria divindade, não O glorificam como Deus nem Lhe dão graças. No encontro com Faraó, Deus, por intermédio de Moisés e Arão, manifestou-se de modo claro, realizando sinais e prodígios que o rei e os seus magos tentaram desacreditar com suas ciências ocultas. Os magos conseguiram, até certo ponto, falsificar os milagres, mas, desde o início, dava para perceber de que lado estava o verdadeiro poder. Lograram êxito, por exemplo, ao imitar o milagre de transformar uma vara em serpente, porém a que fora transformada a partir do bordão de Moisés engoliu a serpente proveniente da magia.

Como prometera a Moisés, Deus multiplicou Seus sinais na terra do Egito por meio das pragas, que eram, ao mesmo tempo, uma forma de envergonhar as divindades egípcias. Na luta contra os deuses, o SENHOR começa atacando o Nilo, que era adorado como a divindade de onde emanava a vida da nação. O deus-sol perdeu o seu brilho por ordem do Criador do sol. A vaca sagrada foi atacada por tumores e o escaravelho santo, o deus-gafanhoto, não protegeu a terra, todavia foi enviado por Deus para destruir a lavoura. Faraó, inicialmente, não reconheceu a supremacia de Deus, pois os magos conseguiram repetir o milagre da água transformada em sangue e o das rãs. No entanto, já na terceira praga, a dos piolhos, eles se viram perdidos e confessaram sua incompetência, explicando que não podiam fazer o mesmo, pois, para a praga dos piolhos, só havia uma explicação: era o dedo de Deus (Êx. 8:19).

As evidências eram abundantes, porém a dureza de coração do rei não lhe permitia curvar-se à verdade. Quando o coração endurece, os olhos ficam cegos; e a mente, obscurecida. Não é uma questão de ter ou não ter sinais comprovatórios. O problema não está na falta de provas de que o SENHOR é Deus, mas na decisão do coração de não glorificá-l’O como Deus.

Ao longo do relato das pragas, há uma frase que se repete: “Faraó endureceu seu coração”. Contudo há um fato curioso que não podemos deixar de perceber. Depois de afirmar seis vezes que Faraó endurecera seu coração, Moisés diz que Deus endureceu o coração de Faraó. A oportunidade havia passado. A mensagem havia sido dada pelo profeta de Deus e autenticada pelo dedo de Deus. Faraó cruzara a linha da misericórdia e, agora, passara para os domínios do juízo de Deus.

Se compararmos o Êxodo com o cenário atual, a situação não é diferente. Depois de tentar nos alcançar por meio do apelo paciente, o SENHOR tenta falar ao nosso coração por meio do juízo. Certamente, a disciplina do SENHOR é desconfortável, mas é uma bênção, pois chega a nós quando ainda nos resta algum tempo para ouvir o profeta Isaías dizendo: “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar” (Isaías 55.6–7).