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A história de Ester (5): Deus sabe todas as coisas

“Se eu digo: as trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de mim se fará noite, até as próprias trevas não te serão escuras: as trevas e a luz são a mesma coisa.” (Salmo 139:11,12). No Salmo 139, Davi nos deixa “assustadoramente maravilhados” ao falar acerca do incrível atributo da onisciência de Deus, que recebe destaque nos versos 7 a 10, onde Davi pergunta: “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá”.

Como toda grande história, o livro de Ester não poderia deixar de ter um perigoso vilão na sua trama. Trata-se de um homem astuto e amargurado cujo nome é Hamã. Esse homem que chegou a ser a segunda pessoa mais importante no Império Persa, ultrapassado somente pelo próprio rei, tinha um desgosto pessoal pelo judeu Mordecai, o tutor da rainha Ester. O motivo da ira de Hamã resultava do fato de o judeu Mordecai não se prostrar diante dele, como faziam os demais servos do rei. Na cultura persa, curvar-se diante de uma autoridade não era apenas um sinal de respeito, mas uma forma de veneração em reconhecimento da suposta divindade da autoridade. Mordecai, sendo um judeu, embora bastante aculturado ao estilo de vida do Império Persa, ainda mantinha o princípio religioso de adorar apenas a Deus.

A falta de veneração incomodava Hamã, porém isso não era tudo. Existe um detalhe que explica porque Hamã tinha raiva não somente de Mordecai, mas também de toda a nação judaica. Por cinco vezes, o livro de Ester dá informações sobre a linhagem de Hamã, informando que ele era filho de Hamedata, o agagita. O adjetivo agagita vem de Agague. Mas quem era Agague? Em 1 Samuel, capítulo 15, temos informação acerca de um rei amalequita, isto é, pertencente ao povo de Amaleque, chamado Agague que, em guerra contra Israel, teve a vida poupada porque Saul não fez o que Deus ordenara. Por isso, o profeta Samuel, para cumprir a ordem do SENHOR, despedaçou Agague. A lembrança desse fato não se perdeu nos 500 anos que separam a morte de Agague, ancestral de Hamã, e a história de Ester.

Aqui cabe uma pergunta: “De onde vem essa animosidade entre os Amalequitas e os judeus, que, agora, faz de Hamã uma espécie de Hitler da antiguidade, planejando o extermínio de todos os judeus?” O começo de tudo está, na verdade, há aproximadamente mil anos antes de Ester, quando Israel peregrinava no deserto em direção à terra prometida. Como e por que essa rixa milenar nasceu? Cenas do próximo capítulo… Mantenhamos o suspense até o próximo episódio de “A Semente”. Afinal, suspense é essencial para uma boa história.

Por enquanto, notemos uma importante lição relacionada à onisciência de Deus ensinada no Salmo 139. Podemos não estar conscientes das tramas que o Inimigo ou os inimigos preparam para nós, contudo Deus sabe de todas as coisas. Ninguém pode se esconder do Deus eterno. O mal pode cruzar anos e décadas até que, inesperadamente, levante-se com fúria para nos exterminar. Quando isso acontecer, se estivermos protegidos pela boa mão do SENHOR, nada nos destruirá, afinal, Davi também diz: “Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda” (Salmos 139.16). Nem anjos, nem homens, nem vírus, nada pode reduzir os dias que o SENHOR determinou para nós. Ele vê todas as coisas e tem poder sobre todas elas.