A história de Ester (11): Se perecer, pereci.
A verdadeira fé cristã é chocante, porque nos aponta um caminho contrário às nossas inclinações naturais. O SENHOR Jesus nos surpreende, por exemplo, ao ensinar que é melhor dar do que receber. Ele também disse que quem quer ser grande deve ser o menor de todos. Quem não se sente inadequado ao ouvir que a medida do perdão não é sete, mas setenta vezes sete? E, para tornar nossa situação ainda mais complicada, Jesus afirmou: “Quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará.” (Lucas 9.24).
Somente pelo impulso divino por trás desses paradoxos, uma pessoa será capacitada a superar seus limites para obedecer ao SENHOR e suprir a necessidade do seu próximo. Às vezes, o risco e o sacrifício envolvidos podem não ser tão significativos. Outras vezes, porém, o caminho a ser trilhado para obedecer a Deus e abençoar quem precisa pode nos custar a própria vida. Foi assim com a rainha Ester, quando, depois de relutar, entendeu que sua prestigiosa posição não se devia à sorte ou à coincidência. Contudo ela só caiu em si quando seu primo Mordecai disse: “… quem sabe se para conjuntura como esta é que foste elevada a rainha” (Et 4.14).
O alerta de Mordecai ajudou Ester a ganhar ousadia para correr riscos. Sua eventual recusa não iria desarticular os desígnios da providência divina, mesmo assim, ela precisava se posicionar diante de uma situação tão crítica. Como pensar em salvar a sua pele enquanto o seu povo perecia? Havia riscos, sim, porém, independentemente do perigo, apresentar-se para fazer o que estivesse ao seu alcance era o melhor caminho. Então, chegando à convicção de que a omissão era pior do que a morte, Ester mandou informar a Mordecai sua resolução corajosa. E terminou a mensagem com as seguintes palavras: “Se perecer, pereci” (Et. 4:16).
Vendo a ousada decisão da rainha Ester, podemos nos lembrar das palavras do rei Salomão em Provérbios 24:11-12: “Livra os que estão sendo levados para a morte e salva os que cambaleiam indo para serem mortos. Se disseres: Não o soubemos, não o perceberá aquele que pesa os corações? Não o saberá aquele que atenta para a tua alma? E não pagará ele ao homem segundo as suas obras?”.
Enquanto o mundo se desespera e segue cambaleando a caminho da morte, os que conhecem o Autor e Consumador da fé não podem ficar omissos. E pouco importa nos desculparmos dizendo: “Eu não o sabia”. Tal desculpa não tira nossa responsabilidade, pois Aquele que atenta para a nossa alma sabe muito bem que alguma coisa poderíamos fazer. Pecamos tanto fazendo o errado quanto deixando de fazer o certo.
Então, vamos agir nesta crise? Vamos socorrer os desamparados? Vamos socorrer quem está perto e apoiar os que estão abençoando os que estão longe? Infelizmente, muitos cristãos estão mais preocupados com sua própria segurança do que com os desesperados que seguem para a morte física e espiritual. Motivados por Aquele que nos amou e deu a Sua vida por nós, apresentemo-nos para fazer alguma coisa. Preparemo-nos para repartir com quem precisar, pois, se alguma coisa nos resta, deve ser usada para cumprir o propósito de Deus. Sejamos agentes do SENHOR para trazer saúde em meio à doença, esperança em meio ao desespero, vida em meio à morte. E que o lema de Ester seja também o nosso: “Se perecer, pereci!” Mas obedecendo a Deus até o último fôlego!