A história de Ester (13): Buscando o melhor tempo
“Porque para todo propósito há tempo e modo; porquanto é grande o mal que pesa sobre o homem” (Eclesiastes 8.6). Com essas sábias palavras, Salomão nos adverte quanto ao perigo de querermos as coisas no nosso próprio tempo e do nosso próprio modo.
Quando chegou o momento de ir perante o rei, a fim de interceder em favor do seu povo, Ester sabia que precisava conter seu espírito. Era um momento crítico. A rainha estava levando adiante um plano ousado e arriscado. O resultado poderia ser uma grande conquista ou uma irreparável perda. Por isso, no livro de Ester, capítulo 5, quando o rei lhe oferece a oportunidade de pedir o que desejasse, assegurando que cumpriria o desejo, ainda que fosse metade do reino, Ester não respondeu imediatamente. Com sabedoria, ela julgou necessário esperar mais um dia antes de abrir o coração ao rei. Agindo assim, Ester revela a calma e a serenidade daqueles que não querem perder a bênção do SENHOR por causa da ansiedade.
A prudência e a paciência da rainha Ester seriam recompensadas com a ação providencial de Deus na vida do soberano persa. Como nos informa o texto sagrado, Ester resolveu oferecer ao rei e a Hamã, dois banquetes. Depois do primeiro, o rei esperava que a rainha declarasse seu desejo. Ester, porém, não o fez imediatamente, mas pediu que o rei e Hamã retornassem para o próximo banquete, prometendo que faria seu pedido naquela ocasião. De fato, isso aconteceu. No entanto, no intervalo entre os banquetes, o rei descobriu, acidentalmente, que Mordecai não recebera nenhuma recompensa por ter denunciado o plano dos eunucos que intentaram assiná-lo. A tranquilidade e a paciência de Ester foram essenciais para que ela pudesse receber todo o auxílio da providência divina no intervalo de tempo que separou os dois banquetes.
Vivemos em um tempo dominado pelo imediatismo. Temos sido treinados na arte destrutiva da impaciência. Queremos soluções fáceis para problemas difíceis. Tudo tem que ser resolvido ontem e, se restar alguma pendência, esperamos que tudo se acabe com um simples clique. Deixamos de apreciar o agir de Deus, porque achamos que a melhor solução virá do agir dos homens.
Ester nos ensina a importância de controlar o nosso espírito. Suas ações planejadas criteriosamente exemplificam bem o que Davi diz em Salmos 37:5-8: “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará. Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia. Descansa no Senhor e espera nele, não te irrites por causa do homem que prospera em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios. Deixa a ira, abandona o furor; não te impacientes; certamente, isso acabará mal.”
No domingo da ressurreição de Cristo, quando as mulheres saíram de casa levando as especiarias para colocar no corpo do Senhor, a Bíblia diz que elas tinham uma preocupação: quem moveria a pedra da porta do sepulcro. Entretanto, ao chegar ao local, perceberam que a pedra já havia sido removida (Marcos 16:4). Se agirmos respeitando nossos limites e esperando o movimento da providência divina, descobriremos que nossa preocupação é desnecessária, pois as pedras que perturbam nossa alma, Deus, no Seu tempo, e do Seu modo, irá movê-las enquanto dormimos.
Para tudo há um tempo certo que não é outro, senão o tempo de Deus.