A história de Ester (15): A derrota do mal
Elevado à posição de mais alta honra, tendo privilegiado acesso à presença do rei, Hamã estava no topo da pirâmide social no grande Império Persa. No capítulo 5 do livro de Ester, ele mesmo se gaba perante a esposa e os amigos, falando acerca “da glória das suas riquezas e a multidão de seus filhos, e tudo em que o rei o tinha engrandecido, e como o tinha exaltado sobre os príncipes e servos do rei” (Ester 5.11). Hamã, aparentemente, tinha tudo que alguém poderia desejar.
Em condições normais, um homem com tantos bens e reconhecido prestígio deveria estar satisfeito. Esse, porém, não é o caso de Hamã. Ele mesmo, embora envaidecido com sua glória, ao completar seu discurso egoísta, encerra sua fala dizendo: “Porém tudo isto não me satisfaz, enquanto vir o judeu Mordecai assentado à porta do rei” (Ester 5.13).
O domínio do mal no coração de Hamã não lhe permitia ficar satisfeito. Como todas as pessoas egoístas, Hamã não se contentava enquanto não tinha todas as coisas girando em torno de si. Com o ego ferido por não receber de Mordecai a honra que ele julgava merecer, Hamã esquece todas as benesses a que tinha direito e se concentra em um detalhe que ainda não estava sob seu controle. Hamã é a prova viva do ditado popular que diz: “O mal, por si mesmo, se destrói.” Acerca disso, o rei Salomão declara em Provérbios 1:19: “Tal é a sorte de todo ganancioso; e este espírito de ganância tira a vida de quem o possui.”
Podemos dizer que o mal cava sua própria cova, porque é sempre controlador e insaciável. E não podia ser diferente, pois o mal é a corrupção do bem, sendo, portanto, a negação da bondade inerente ao Ser de Deus. Por esse motivo, a pessoa que abriga, no coração, projetos maus, mesmo que os execute, nunca estará satisfeita, porque, apartada de Deus, a alma humana nunca encontrará plena satisfação.
Além da insaciabilidade, existe ainda outro fato importante que determina a derrota do mal: a infalível justiça de Deus. O apóstolo Pedro, na sua primeira epístola, declara: “Porque os olhos do Senhor repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos às suas súplicas, mas o rosto do Senhor está contra aqueles que praticam males” (1Pedro 3.12). Deus, o justo Juiz, não permite que o mal avance indefinidamente. No Salmo 2, falando acerca da revolta dos reis da Terra contra o Rei do Céu, no versículo 4, o salmista declara: “Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles.”. E continua no próximo versículo dizendo: “Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e no seu furor os confundirá” (Salmos 2.4–5).
A derrota do mal no caso do iracundo Hamã serve de exemplo para todos os homens, pois a história bíblica mostra que as coisas mudaram repentinamente, e Hamã terminou, poucas horas depois, sendo pendurado na forca que mandara construir para a execução de Mordecai.
Não demos ao mal a atenção que ele exige. O mal não prevalecerá, pois seus dias estão contados. Deus, o justo Juiz, julgará a nossa causa.