A história de Ester (19): A doce melodia da esperança no SENHOR
Por vezes, temos a sensação de que o andamento da vida entrou em descompasso e se tornou assustadoramente dissonante. A música segue, porém, até onde se pode perceber, não há nenhum regente conduzindo a orquestra.
Na história de Ester, com pouco esforço, o leitor pode perceber que a música da vida dos personagens segue numa trilha sonora com uma estranha e desarmoniosa melodia. Além das perdas do exílio, os judeus retornados precisavam combater ferrenhos inimigos que estavam determinados a impedir o sonho da nova vida na terra da promessa. E, como se não bastasse, tinham, naquele momento, que lidar com o extermínio já decretado pelo rei Assuero. Para onde quer que se virassem, os judeus se viam cercados pelo ódio dos adversários e escutavam os repulsivos acordes que compunham a sinfonia da morte.
Nesse tom triste, a história segue até que Deus, o poderoso regente, imprime outro andamento à música da vida. Foi assim, por exemplo, quando o rei Assuero, depois de uma noite insone, apressado para reparar a injustiça cometida contra Mordecai, ordena que Hamã lidere a cerimônia em honra a Mordecai. Se Hamã tivesse atrasado uns poucos minutos, o rei teria dado a missão a outra pessoa. Ter um servo qualquer encabeçando o evento de exaltação pública de Mordecai teria sido um desfecho interessante para essa parte da história, entretanto o fato de Hamã ter sido o escolhido para a missão acrescenta ao enredo um toque de imprevisível beleza, revelando que a música na Terra segue a regência do Céu.
Em Romanos 15:4, o apóstolo Paulo escreveu: “Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança.” A história de Ester foi escrita para comunicar esperança aos servos de Deus do passado e do presente. Ler essa história sem ter o espírito revigorado pela esperança eterna seria uma tremenda perda. Nas páginas da Sagrada Escritura, encontramos lições inspiradas que enchem o nosso coração de alegria e esperança. Por isso, como lemos em Romanos 15:4, a Escritura é a fonte pura de onde jorra nossa esperança.
Enquanto seguimos nesta vida, iremos nos deparar com situações em que, como lemos em Salmos 42:7, “um abismo chama outro abismo”. São momentos em que nossa alma fica sufocada com o barulho do mal que tenta nos devorar. O povo de Deus, na época da rainha Ester, viveu essa experiência. Até que o Regente Celeste tomou conta da orquestra da vida. Com Seu toque divino, fez surgir a ordem onde antes só havia confusão; as lágrimas, transformou-as em sorriso e, do barulho ensurdecedor da angústia, fez nascer uma linda e doce sinfonia.
Por favor, não tome a mensagem alentadora da esperança no SENHOR como mais uma pregação motivacional tão comum e lucrativa em nossos dias. A esperança que brota das Escrituras é real para aqueles que, realmente, conhecem a Deus. Quando, de fato, cremos no SENHOR Deus, revelado nas Escrituras, revigoramos nosso espírito na certeza de que Ele está regendo a sinfonia da nossa existência. Desse modo, temos certeza de que, apesar dos descompassos das tribulações e da dissonância das dores, em breve, na presença do SENHOR, reconheceremos que a melodia celeste jamais perdeu o ritmo. Ao contrário, Deus agiu em todas as coisas para o nosso bem, e o resultado final será uma doce melodia aos ouvidos da nossa alma.