A história de Ester (20): Confiando na justiça divina
Em Romanos, capítulo 12, o apóstolo Paulo apresenta uma série de virtudes que deveriam caracterizar o comportamento de um cristão nascido de novo. Nesse texto, Paulo ensina como enfrentar o mal que, tantas vezes, cai sobre nós. O conselho do apóstolo é que, em vez de permitir que o nosso coração seja tomado por qualquer sentimento de autocomiseração ou por desejo de vingança, devemos esperar pela manifestação da justiça divina, pois a Escritura declara: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor” (Romanos 12.19).
Quando, por causa de uma injustiça sofrida, nosso coração fica cheio de ressentimento e amargura, estamos expressando, com essa reação, nossa descrença na Palavra do SENHOR, que nos diz que Ele fará justiça. Se esse for o seu caso, aconselho que medite na história de Ester, principalmente no modo como Deus julga Hamã por causa da maldade que ele intentou contra os judeus. Nos capítulos 6 e 7 do livro de Ester, ficamos admirados ao ver que tudo o que Hamã planejou contra o povo de Deus, terminou caindo sobre sua própria cabeça.
Não é difícil perceber que o autor da história, como todo bom escritor, tempera o relato com pitadas de ironia, aguçando o gosto do leitor para saborear cada cena. No capítulo 3, vemos que o que despertou o ódio de Hamã contra o povo de Deus foi o fato de o judeu Mordecai não se curvar diante dele. Quando chegamos ao capítulo 7, a trama é a mesma, mas os personagens ocupam papéis invertidos. Nesse capítulo, Hamã é quem precisa encurvar-se diante de uma judia, tentando conseguir o favor que lhe vai garantir a sobrevivência. Lendo o capítulo 7, temos a vívida impressão de que a imagem do passado se projeta no retrovisor do presente. Nessa parte da história, vemos que, da mesma forma que os judeus foram antes condenados à morte sem chance de defesa, por causa de mero capricho de um homem descontrolado, assim também ocorre com Hamã. O rei, tomado de ira, interpretou erradamente a aproximação entre Hamã e Ester. Dessa forma, pela equivocada interpretação de um fato, o rei decreta a morte de Hamã sem lhe dar chance de se defender. O que fica claro nesse momento é que, quando a verdade vem à tona, Hamã tem que beber do seu próprio veneno. É como se diz popularmente: o feitiço virou contra o feiticeiro. Contudo, nesse caso, de maneira tal que Hamã encontrará a morte na mesma estaca que mandara erguer para executar Mordecai. São muitas semelhanças para serem tomadas como meras coincidências.
Você está lamentando sob o peso de uma injustiça? Parafraseando um conhecido juiz de futebol, eu também diria: “a regra é clara”. Deus, o justo juiz não deixará que Sua justiça seja subvertida, pois Ele disse: “A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor”. Afaste, pois, do seu coração, o ressentimento e livre-se da amargura, porque, como lemos em Eclesiastes 12:14, “Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más.”