Listen

Description

A história de Ester (21): Deus e o mal

A aparição do mal na boa criação de Deus, mesmo antes da queda do Homem no pecado, é um tópico desafiador. O questionamento pode vir à tona na simples tentativa de entender o dilema existencial do cotidiano ou manifestar-se intrigante e complexo na forma de um paradoxal questionamento filosófico. Além disso, o tópico pode ser envolto em mistério e confusão quando tentamos equacionar a existência do mal com a realidade bíblica da soberania de Deus.

Não é difícil imaginar um membro do povo judeu, na época da rainha Ester, questionando onde estava Deus enquanto o mal avançava impiedosamente sobre o povo escolhido de Deus. Pelo que se podia ver, o quebra-cabeça da malignidade se formava sem encontrar resistência. Tudo aquilo de que Hamã precisava, para levar a cabo seu projeto de extermínio dos judeus, ele dispunha. Enquanto isso, o povo da aliança, que há muito havia sido escolhido por Deus para manifestar a salvação do SENHOR a todas as nações parecia ir de mal a pior.  

A relação entre o Deus bom e soberano e o mal pode ser objeto de debates infindáveis. Uma verdade simples, entretanto, que, muitas vezes, nos escapa enquanto lutamos com esse tema é que o mal está nos planos de Deus. Deus não usa Seu poder para transformar o mal em bem, como se o poder para tornar o mal em bem fosse a única arma que o SENHOR tem para seguir triunfante. Não há dúvidas de que o poder de Deus é essencial na luta do bem contra o mal, contudo, a grandeza de Deus se ressalta quando percebemos que Ele encaixou até o mal dentro dos Seus planos. Isso não faz com o que o mal se torne em bem, mas assegura que Deus planejou antecipadamente todas as coisas dentro dos Seus desígnios. É isso que diz Asafe em Salmos 76:10: “Pois até a ira humana há de louvar-te; e do resíduo das iras te cinges.” Assim, não é que Deus torna o mal em bem, mas que Ele inclui o mal no Seu bom projeto. O mal é um desagradável intruso, porém nunca pega Deus de surpresa. 

  A belíssima história do livramento da rainha Ester e do seu povo mostra que, quanto mais o mal se articula para sabotar os planos de Deus, maior é a revelação do bem quando o SENHOR decide que chegou hora de encaixar as peças do mal nos Seus gloriosos projetos.  

Dessa forma, a astúcia de Hamã, sua sagacidade, manipulação e capacidade de atingir seus objetivos por meios escusos, tudo tinha um lugar especial no projeto que Deus queria realizar. O que Hamã planeja para o mal, Deus planeja para bem. É por isso que a Escritura diz, em 1 Coríntios 10:13, que Deus nunca permite que sejamos provados além do que podemos suportar. Ele conhece ao nosso limite. Como no caso de Jó, o maligno pode até ir ganhando terreno, porém nunca vai além do que o SENHOR permite.

A grandeza de Deus não se manifesta na Sua capacidade de transformar o mal em bem, mas na Sua insondável capacidade de incluir até o mal no programa de bênçãos que Ele tem determinado para Seus filhos. 

Diante de tão grande verdade, fica o conselho de Davi em Salmos 27:14: “Espera pelo Senhor, tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo Senhor.”