A história de Ester (22): A verdadeira causa do ódio contra os judeus
Hamã foi direto ao ponto. Já com um plano bem definido, ao apresentar seu argumento em defesa do extermínio dos judeus, ele disse ao rei Assuero: “Existe espalhado, disperso entre os povos em todas as províncias do teu reino, um povo cujas leis são diferentes das leis de todos os povos e que não cumpre as do rei; pelo que não convém ao rei tolerá-lo.” (Ester 3.8). O pensamento de que o mundo não deve tolerar os judeus percorre os séculos, chegando até os nossos dias. Ódio e perseguição têm acompanhado esse povo desde o tempo dos patriarcas.
Se retrocedermos nas páginas da história, facilmente poderemos atestar que o antissemitismo gratuito é parte da história das nações. Impulsionadas por raciocínios e motivações estranhas, muitas pessoas exalam ódio gratuito contra os descendentes de Abraão. Por isso, muitas vezes, os judeus foram considerados bodes expiatórios em tempos de pragas e calamidades. Um bom exemplo de tal insanidade encontramos no século XIV, quando o mundo foi acometido pela Peste Bubônica ou Peste Negra, a mais devastadora pandemia de que se tem notícia, que aconteceu entre os anos de 1347 a 1351. A doença que causava a infecção dos gânglios linfáticos, cujo contágio se dava por meio de pulgas que infestavam pessoas e ratos, foi considerada responsável pela morte de 25 milhões de pessoas, que correspondia a mais de 40 % da população da Europa. Vendo que os judeus, em grande parte, tinham sido poupados da peste, especialmente quando ela desabou sobre a Alemanha, muitos começaram a afirmar que os judeus eram a causa da maldição que ceifava tantas vidas. Segundo Martin Blaser, historiador ligado à Faculdade de Medicina de Nova York, o auge da peste na Alemanha se deu na primavera de 1349. Nessa época, os judeus estavam comemorando a Páscoa e, segundo a tradição, nas celebrações pascais eles retiravam os grãos de suas casas. Sem grãos, os roedores eram desestimulados a procurar os lares dos judeus. Desse modo, a contaminação entre os judeus foi mínima quando comparada com as outras pessoas.
Examinando a história da perseguição aos judeus à luz das promessas e alianças de Deus, podemos concluir facilmente que as raízes do antissemitismo se encontram na antiga batalha espiritual entre a serpente e o SENHOR Deus. A nação de Israel é um elo importante no grande projeto de redenção e restauração realizado por meio da encarnação, crucificação, ressurreição e glorificação de Cristo. O ódio contra Israel, na verdade, é uma forma de atacar a Pessoa e os planos do Deus de Israel. Essa é a razão final que moveu Faraó, Hamã, os líderes da Inquisição, Hitler e tantos outros. O filósofo alemão Friedrich Nietzsche, um embaixador intelectual dos modernos inimigos de Deus, dizia, sem rodeios, que a herança judaico-cristã era a pior maldição que havia caído sobre o Ocidente. Não é de se admirar, portanto, que ele tenha se tornado o mentor intelectual de Hitler e seus companheiros.
O argumento de Hamã de que ao povo escolhido por Deus não se deve permitir viver continua tão vivo hoje como na antiguidade. Apesar disso, Israel, contrariando todas as expectativas, continua existindo e prosperando, e o motivo está escrito em Salmos 121:4: “É certo que não dormita, nem dorme o guarda de Israel”.
Os homens continuarão lutando contra Deus e contra Seu povo. A verdade bíblica, todavia, permanece firme: o destino dos escolhidos por Deus é a glória de Deus.