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A história de Ester (25): O testemunho infalível da provação do povo de Deus 

Nenhum de nós gosta da provação. É certo que, na epístola de Tiago, está escrito: “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança” (Tg 1:2). Apesar disso, nós não somente temos dificuldade em nos alegrar nas provações, mas também temos como nosso maior desejo vê-las terminadas. 

A história do povo de Deus, do passado e do presente, é marcada por grandes e intensas provações. Diferente de muitos que pregam que a fé em Deus é segredo para que vivamos em um mar de rosas, Jesus nunca tentou aumentar o número dos Seus seguidores por meio de promessas de uma vida fácil neste mundo. Ele mesmo, sendo “homem de dores e que sabe o que é padecer”, como afirmou o profeta Isaías, antecipou aos seus discípulos: “No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33). 

Depois de toda a aflição que caiu sobre o povo de Deus, que, segundo lemos no livro de Ester, chegou a ter decretada sua própria extinção, quando chegamos ao capítulo 8, notamos um cenário completamente diferente. Se, antes, os judeus eram tratados com desdém e sofriam terríveis perseguições, pelo fato de pertencerem ao povo escolhido, em Ester 8:17, está escrito que “muitos, entre os povos da terra, se fizeram judeus, porque o temor dos judeus tinha caído sobre eles.” Certamente, tal mudança jamais poderia ser imaginada no início da história. Os povos do Império Persa, no auge da perseguição aos judeus, além de não desejarem aproximação com eles, foram incentivados a ficarem preparados para o massacre étnico estabelecido no decreto elaborado por Hamã. 

Contudo, de acordo com o que está relatado no final do capítulo 8, em vez de se afastar dos judeus, muitos dos povos da Terra resolveram fazer-se judeus. Observando outros exemplos bíblicos em que alguém se faz judeu, podemos afirmar que o autor sagrado está enfatizando o fato de que muitos resolveram aderir à mesma fé que caracterizava os judeus. Fazer-se judeu é sinônimo de converter-se às crenças judaicas. Em outras palavras, significa passar a acreditar no Deus dos judeus. 

A conversão ao Deus de Israel por parte de gentios não era um fato incomum no Antigo Testamento. Um exemplo clássico encontra-se no livro de Josué, onde, no capítulo 2, lemos acerca da conversão de Raabe, a prostituta de Jericó. Tendo acolhido os espias em sua casa, Raabe teve oportunidade de confessar aos seus visitantes judeus: “O Senhor, vosso Deus, é Deus em cima nos céus e embaixo na terra” (Js 2.11). Por que Raabe foi capaz de fazer essa marcante confissão de fé no Deus de Israel? “Porque”, disse ela, “temos ouvido que o Senhor secou as águas do mar Vermelho diante de vós, quando saíeis do Egito; e também o que fizestes aos dois reis dos amorreus, Seom e Ogue, que estavam além do Jordão, os quais destruístes” (Josué 2.10). Foi a manifestação da bondade e do poder de Deus em livrar o Seu povo da opressão no Egito que tocou o coração de Raabe e de muitos dos povos que ouviram acerca do milagre do êxodo do Egito. Do mesmo modo aconteceu com os contemporâneos da rainha Ester. Se Deus foi capaz de livrar Seu povo da destruição quando, aparentemente, não havia qualquer esperança, é porque Ele é o verdadeiro Deus. 

As provações são um meio pelo qual as pessoas podem ver o poder de Deus se manifestando na fraqueza humana. Davi está certíssimo! Quando Deus, por Sua graça, tira-nos de um poço de perdição, de um tremedal de lama e coloca nossos pés sobre uma rocha, firma os nossos passos e põe nos nossos lábios um novo cântico, os que nos observam são impactados e, assim, “muitos verão essas coisas, temerão e confiarão no Senhor” (Salmos 40.3).