A história de Ester (29): A mudança que vem de Deus
No vácuo das transformações intelectuais, morais e políticas, nas últimas décadas, a humanidade tem passado por grandes mudanças sociais. Tais mudanças, no entanto, não acontecem da noite para o dia. Mesmo que muitos não percebam, o fato é que, por trás das cenas, os mentores intelectuais das mudanças definem suas estratégias a curto, médio e longo prazo. Recrutam e discipulam uma minoria comprometida com a causa e esperam pacientemente até que o fermento da sua causa levede grande parte da massa social, provocando o caos. Quando isso acontece, os cabeças do movimento aproveitam para executar seus planos e procuram estabelecer uma nova ordem social, mesmo que seja a ferro e fogo.
Se observarmos a história das revoluções sociais, especialmente aquelas que intentavam assumir o controle do poder político, notaremos que o tempo é um fator importante. Em nossos dias, sabemos que o tempo das mudanças tem sido encurtado. A razão é que a rapidez da comunicação resultante da conectividade funciona como um catalizador virtual que acelera a velocidade das reações sociais. Ainda assim, quando pensamos em mudanças de grande porte, devemos esperar o tempo certo em que veremos grandes rupturas na ordem social, distúrbios, protestos, violência e, em muitos casos, derramamento de sangue.
Como temos visto na história de Ester, para que o povo de Deus escapasse da morte, era preciso uma mudança rápida e completa no cenário político do Império Persa. As maiores autoridades, o rei e o primeiro ministro estavam comprometidos com o plano de extermínio do povo de Israel. Os judeus, por sua vez, não vislumbravam qualquer possibilidade de sobrevivência, pois eram um povo insignificante na estrutura social, sem meios para combater as forças inimigas.
Entretanto, como sabemos, a previsão negra de extermínio não se cumpriu, porque, no dia determinado para o massacre dos judeus, os que se levantaram contra o povo de Deus não conseguiram resistir-lhe. Descrevendo o momento do ataque, em Ester 9:3-4, o escritor sagrado afirma: “Todos os príncipes das províncias, e os sátrapas, e os governadores, e os oficiais do rei auxiliavam os judeus, porque tinha caído sobre eles o temor de Mordecai. Porque Mordecai era grande na casa do rei, e a sua fama crescia por todas as províncias; pois ele se ia tornando mais e mais poderoso.”
A mudança narrada em Ester, capítulo 9, é impressionante não apenas por seus resultados, porém, principalmente, pela rapidez com que ocorreu. A razão é que Deus não depende de esquemas e estratégias cuidadosamente elaboradas para fazer acontecer Sua vontade. Quando decide dissipar as trevas, Ele, simplesmente, diz: “Haja luz” e a luz aparece. A mudança que era necessária para que os judeus tivessem meios de sobrevier ao extermínio aconteceu em questão de horas. Em um momento, o Deus Todo-poderoso mudou completamente todo o cenário político, não de um país, nem de um estado, mas de um império.
O Deus das Escrituras é o Deus que não conhece limites. Dentro da Sua vontade e de acordo com o Seu plano, Ele muda os tempos e as pessoas. Exalta os humildes e humilha os exaltados. Restaura nações e esmiúça impérios. Afasta a doença e faz retornar a saúde e, da morte, faz surgir a vida. Ele é Deus e tudo faz como Lhe agrada. Portanto, “Vinde, cantemos ao Senhor, com júbilo, celebremos o Rochedo da nossa salvação.” (Salmo 95.1)