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A história de Ester (30): Vai dar certo!

Acho interessante a atitude de algumas pessoas que, confiadas meramente nas suas próprias expectativas otimistas, quando estão diante de uma dificuldade, encerram suas mensagens com a frase: “Vai dar certo!” Sempre que escuto isso, instintivamente, digo para mim mesmo: “Quem garante? E se não der certo?”

Acho que precisamos ser cautelosos para não sofrermos sob o peso de esperanças que se adiam e que, como diz Salomão, fazem adoecer o coração. Por outro lado, ao meditar na história de Ester, sinto-me confortável em dizer: “Vai dar certo!” A razão é que, no livro de Ester, vemos a repetição de um padrão que percorre as Escrituras e se torna evidente, especialmente, nos grandes eventos da história da salvação, que é o seguinte: independentemente da força com que o mal se levanta, os planos do SENHOR seguem, pois Ele “age em todas as coisas para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados seguindo o seu propósito” (Rom. 8:28). 

No capítulo 9 do livro de Ester, onde lemos sobre a ação defensiva dos judeus em relação aos que queriam fazer valer o decreto de extermínio de Israel, a expressão que melhor define esse momento é “sucedeu o contrário”, que aparece no versículo 1: “No dia treze do duodécimo mês, que é o mês de adar, quando chegou a palavra do rei e a sua ordem para se executar, no dia em que os inimigos dos judeus contavam assenhorear-se deles, sucedeu o contrário, pois os judeus é que se assenhorearam dos que os odiavam.” 

Em 1984, o conhecido cantor e compositor Gonzaguinha lançou uma música intitulada “Nunca Pare de Sonhar”. Por aquela época, lembro-me do artista na televisão acompanhado de uma multidão de crianças, cantando: “Fé na vida, fé no homem, fé no que virá / Nós podemos tudo, nós podemos mais / Vamos lá fazer o que será”. Usando as econômicas expressões da linguagem popular moderna, poderíamos reduzir essa parte da música em uma frase: “Vai dar certo!” E, se perguntássemos a Gonzaguinha: “Por quê?” Ele diria: “Porque somos capazes de construir o amanhã com as sementes do hoje.” E se lhe disséssemos: “Qual a garantia?” Ele diria: “A crença na vida, no homem e no que virá.” Finalmente, se apertássemos Gonzaguinha um pouco mais, em busca de uma resposta mais substancial, ele diria como John Lennon: “Só imagine… é fácil se você tentar… imagine”. A imaginação otimista pode ser inspiradora, mas é o caminho certo para a frustração. Infelizmente, sonhos, imaginações e fé no amanhã não funcionaram bem, nem para Gonzaguinha, nem para John Lennon. A esperança de ver a humanidade vivendo em uma universal fraternidade, e o mundo transformado “num lindo lago de amor”, até aqui, não deu certo. Suas bases eram tão incertas quanto suas próprias vidas.

A motivação, o otimismo e a fé em si mesma não garantem que vai dar certo. Já encontrei pessoas desesperadas porque tinham apostado todas as fichas da vida em um sonho, uma coisa ou uma pessoa. Elas estavam certas de que ia dar certo. Mas não deu. Desses, alguns seguiram se arrastando pela vida, apenas sobrevivendo. Outros, nem isso. Resolveram abreviar a vida. 

A história de Ester nos ensina que nossa esperança está na fidelidade do SENHOR. Assim, se você, realmente, conhece o Deus revelado nas Escrituras, pode ficar tranquilo porque vai dar certo. Pode ser que, nos planos soberanos do Criador, tenhamos que, em breve, passar pelo vale da sombra da morte. Se for este o caso, ou o SENHOR nos fortalece para vencer o perigo e seguir um pouco mais nesta vida, ou Ele nos toma para Si, por ter chegado nossa hora. No primeiro caso, logo saberemos que deu certo; no segundo, concluiremos que deu mais certo ainda. 

Se você já foi feito filho de Deus pela fé em Cristo, pode dormir tranquilo. Com certeza, vai dar certo! Você já nasceu de novo? Já chegou ao ponto de entender o peso do seu pecado e a clamar a Cristo por perdão e salvação? Então, relaxe. Se Jesus morreu e ressuscitou por você, como pode não dar certo?