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Edição extra: A síndrome da incredulidade fatal

Internado há pouco mais de uma semana, o engajado escritor brasileiro Sérgio Andrade Sant’Anna morreu no último domingo (10/05), aos 78 anos, vítima da Covid-19. Além da natural comoção que acompanha a morte de uma pessoa com ascensão social, a morte do contista carioca tem um detalhe curioso para pessoas que, como eu, acreditam em Deus. Há exatos 14 dias antes da sua morte, Sérgio Sant’Anna, revoltado contra o SENHOR do Céu e os governantes da Terra, manifestou publicamente sua amargurada incredulidade ao declarar: “Se houvesse justiça divina, o coronavírus dizimaria todo clã Bolsonazi e seus sequazes, o nano general Mourão, Donald Trump e um monte mais. Como Deus não existe ou é indiferente, morrerão mesmo os pobres.”  

Na mensagem do falecido escritor, percebe-se uma consumada ira contra a Deus. Suas declarações me atingiram profundamente, uma vez que ele debocha d'Aquele que é o meu Criador, Sustentador e Redentor. Dá vontade de defender a Deus, mas não é necessário. O Senhor é suficientemente poderoso para defender a Si mesmo. Aproveito, no entanto, a triste ocasião, para observar como Sant’Anna, com sua mensagem amarga, revelou indiferença, temeridade e contradição ao falar sobre o SENHOR.  

Não sei se Sérgio Sant’Anna teve interesse de ler o livro de Eclesiastes. Se ele o fez, sua indiferença para com a revelação de Deus, provavelmente, não lhe permitiu levar em consideração o que Salomão afirma em Eclesiastes 5:2: “Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu, na terra; portanto, sejam poucas as tuas palavras.” Segundo a Escritura, quando resolvemos falar com ou a respeito do Altíssimo, devemos ser cautelosos. Deus está em outro nível. Ele está entronizado nos Céus, acima de tudo e de todos. Portanto, se vamos nos dirigir a Ele, que o façamos respeitosamente, como deve ser sempre a interação entre o barro e o oleiro. 

Além dessa arriscada indiferença, as palavras do literato também se destacam por uma desaconselhável temeridade. Na sua mensagem, Sérgio Sant’Anna faz uma afirmação séria, apesar de não estar bem certo quanto ao que afirma. No seu entender, há duas opções: ou Deus não existe, ou, se existe, é frio, indiferente. Sabemos de muitos céticos que lutaram terrivelmente com a descrença, contudo venceram a incredulidade, porque não eram revoltados. Não criam, todavia não zombavam da crença. Dentre esses, alguns, à beira do desespero, chegaram a pedir a Deus que, se Ele realmente existisse, desse-lhes uma evidência confirmatória. Deus atendeu a muitos, mas, no caso de Sérgio Sant’Anna, de antemão foi descartada a possiblidade da existência e da bondade de Deus. Sua preferência foi pela negação de Deus. Fora disso, no máximo, Sérgio admitiria que Deus existe, mas destituído de amor, misericórdia, justiça e graça.

Finalmente, a mensagem de Sérgio Sant’Anna revela uma enorme contradição, pois, segundo ele, a prova da assertividade das suas afirmações seria o fato de que somente os pobres iram morrer por causa do coronavírus. Sérgio, que não era pobre, não resistiu ao vírus e, desse modo, com sua própria morte, ele negou o fundamento da sua tese especulatória.  

O profeta Isaías declara: “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto” (Isaías 55.6). Infelizmente, Sérgio já não pode atender ao apelo do profeta. Quanto a você que escuta essa mensagem, felizmente, a oportunidade continua válida. Você não gostaria de aproveitá-la enquanto há tempo? 

Como fazê-lo? Eis a resposta do profeta Isaías: “Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar.” (Isaías 55.7)