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Vencendo o medo e a ansiedade (2): Descansando em paz, apesar das circunstâncias  

A vida é frágil, instável e breve. Há pouco tempo, ninguém podia imaginar as circunstâncias em que hoje nos encontramos. Dentro de poucos dias, tudo à nossa volta mudou. Inicialmente, nossos olhos se voltavam para o mundo exterior, enquanto tentávamos entender a nova realidade e nos acomodarmos às novas circunstâncias. Havia sinais de perigo, mesclados, entretanto, com otimismo, pois não podíamos imaginar a extensão do que estava por vir. 

Atualmente, não precisamos conjecturar sobre a extensão da crise causada pelo coronavírus, nem se o terror cruzará nossas fronteiras. Os ventos tempestuosos que açoitavam os mares longínquos avançaram em velocidade fenomenal. Assustados, tentamos fechar todas as brecha, na esperança de que, de alguma forma, poderemos evitar o pior. Enquanto isso, perturbamo-nos ao ouvir o tenebroso assobio dos ventos que violentamente ameaçam leve nosso telhado.  

O cenário caótico em que estamos inseridos me faz à memória um cântico que, certamente, muitos de vocês conhecem bem. Estou pensando no antigo louvo intitulado “Essa paz”. Como devem lembrar, nas primeiras estrofes a música, composta em primeira pessoa, procura dar uma explicação para “ essa paz” e para “esse gozo que sinto em minh’alma”. A razão, segundo a música, “não é porque tudo me vai bem… é porque eu louvo ao meu SENHOR.” Como isso é possível? “Não olho as circunstâncias, não, não não / Olho Seu amor, Seu grande amor / Não me guio por vista, alegre estou.” Ou seja, o segredo da verdadeira paz está em olhar, não para a força do vento que ameaça nos destruir, mas olhar para o grande amor de Deus. Fazendo isso, tenesmo nos lábios sempre um novo cântico de louvor ao SENHOR. 

Na última estrofe, o cântico Essa Paz nos leva a pensar na maravilhosa conclusão do livro do profeta Habacuque e na mensagem inesquecível do Salmo 46. Mesclando esses dois textos, o cântico segue: “E ainda que os campos não floresçam / E a terra não dê o seu fruto / E ainda que os montes se lancem ao mar / Ou que a terra trema / Hei de confiar.” 

Se tentássemos fazer uma paráfrase dessa última estrofe com o estribilho da canção para uso pessoal durante a pandemia, poderia ficar assim: 

"E ainda que a peste não pereça / E o vírus siga com seu surto / E ainda a que morte me queira tragar / Ou me falte um médico / Hei de confiar.

Não olho as circunstâncias, não, não não / Olho Seu amor, Seu grande amor / Não me guio por vista, alegre estou.”

Dizem que quem canta seus males espanta. Não estou bem certo disso, especialmente se o canto for usado com repelente para o coronavírus. Uma coisa, porém, é certa: Se o seu canto é a expressão da uma fé viva e verdadeira, você não o entoará para que seus males sejam espantados, mas por que ele já o foram por Aquele que morreu e ressuscitou para que possamos ter paz, com vírus ou sem vírus.