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Vencendo o medo e a ansiedade (8): O que fazer diante do medo 

Ninguém precisa carregar culpa indevida. Além do medo, Bárbara sentia-se culpada pelo simples fato de ficar amedrontada. Por isso, precisei ajudá-la a entender que, uma vez que somos frágeis e instáveis, vivendo em um mundo caótico, lidando sempre com desafios maiores do que nós mesmos, o medo será parte da nossa experiência existencial. Muitos são os que, misturando coragem com imprudência, ignoram os perigos a sua volta e terminam pagando um alto preço.  

Ao tentar relacionar a experiência do medo com a certeza da fé, Bárbara enfrentava um dilema comum a muitos, uma vez que, nem sempre, conseguimos traçar o limite entre o medo e a incredulidade que resulta em pânico e covardia. Examinando os preceitos e os exemplos nas Escrituras, podemos afirmar que o grande problema não é o medo em si, mas a maneira como lidamos com ele. Dependendo do que fazemos com o medo, poderemos seguir por um caminho que nos aproxima de Deus ou que nos afasta d’Ele.

Positivamente, podemos pensar, por exemplo, no rei Josafá quando soube que uma enorme multidão das nações inimigas se aproximava de Jerusalém. Em 2 Crônicas 20:3, o texto sagrado diz que Josafá teve medo. O rei sabia que não tinha como combater o grande exército que se levantava contra o seu povo. No entanto, Josafá não ficou travado pelo medo. Ao tomar conhecimento do perigo, Josafá “se pôs a buscar ao Senhor; e apregoou jejum em todo o Judá.” A presença de um inimigo poderoso serviu para empurrar toda a nação para os braços do SENHOR. No perigo, o povo reconheceu que somente Deus poderia salvá-lo. Assim, reconhecendo sua incapacidade de enfrentar o perigo, “Judá se congregou para pedir socorro ao Senhor; também de todas as cidades de Judá veio gente para buscar ao Senhor” (2 Crônicas 20.4). Nessa história, o medo foi a força que empurrou a nação para os braços do SENHOR. O medo que caiu sobre Josafá terminou sendo a semente para um grande reavivamento espiritual. 

Por outro lado, temos a história dos espias que foram examinar a terra de Canaã em preparação para a conquista. Vendo a quantidade de inimigos e a maneira como as cidades eram protegidas, os espias tiveram muito medo, o que não deixava de ser, até certo ponto, normal. O problema, porém, foi que eles ficaram em pânico e se esqueceram das promessas do SENHOR. Com isso, em vez de motivar o povo a seguir na dependência de Deus, os espias incrédulos espalharam o pânico e o pessimismo. Virando as costas para o SENHOR e desprezando Sua fidelidade, aqueles homens disseram categoricamente: “Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós” (Nm 13.31). Aqui, a provação do medo desencadeou a tentação da covardia. Assim, depois de quase quarenta anos, quando o povo estava novamente às portas da terra prometida, Deus disse a Josué: “Não to mandei eu? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo por onde quer que andares” (Josué 1.9). O que Deus estava dizendo era: “Josué, não entres em pânico. Confie que estou contigo e siga”.

Bárbara acompanhou bem o raciocínio. Ela entendeu que podia ter medo, mas, confiando nas promessas do SENHOR, reconhecendo que a crise poderia ser uma motivação para buscar mais a Deus, não precisava ser tomada pelo pânico. Fechando nossa conversa, eu lhe disse: “Bárbara, nem o coronavírus, nem as consequências que ele traz têm poder para modificar os planos do nosso Deus. É o SENHOR quem determina o número dos nossos dias. Cada vez que o medo quiser dominá-la, ore ao SENHOR de acordo com as palavras de Josué 1:9. Fazendo assim, você verá que a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o seu coração e a sua mente em Cristo Jesus” (cf. Filipenses 4.7).