Vencendo o medo e a ansiedade (13): A certeza que produz descanso
Um dilema que aumentava a angústia de Bárbara era a dificuldade de entender bem o que se passava com ela. Uma pergunta frequente era: Como cheguei a essa situação? Era realmente difícil dar uma explicação para o estado de desequilíbrio físico, emocional e mental em que Bárbara se encontrava. Depois de anos andando com Cristo, tendo bastante conhecimento das Escrituras, com o coração pleno de sólidas e verdadeiras convicções doutrinárias, Bárbara se culpava por não poder vencer a angústia que a dominava.
O dilema de Bárbara é mais comum do que pensamos. A razão é que não são poucos os casos em que pessoas que creem nas Escrituras se consideram imunes às fraquezas emocionais comuns aos homens. Mesmo sabendo que, como disse o apóstolo Paulo, nenhuma provação nos sobrevirá que não seja comum aos homens, alguns ainda relutam em admitir que eles possam ser os próximos a enfrentar uma grande crise emocional.
Já tinha tido oportunidade de falar sobre a grande crise do profeta Elias que chegou ao ponto de pedir a morte. Julguei, todavia, necessário sedimentar o ensino, enfatizando o exemplo de Davi, o homem segundo o coração de Deus. Em muitos salmos, Davi abre honestamente seu coração e fala sobre suas dúvidas, angústias e temores. Curiosamente, muitas vezes, era à noite que Davi enfrentava os maiores embates emocionais e espirituais. No Salmo 77, por exemplo, o famoso rei de Israel, está tão perturbado que não consegue se expressar nem “pregar os olhos”, como lemos no verso 4. E, assim, cansado no corpo e na alma, imerso nas trevas do desânimo, Davi pergunta a si mesmo: “Rejeita o Senhor para sempre? Acaso, não torna a ser propício? Cessou perpetuamente a sua graça? Caducou a sua promessa para todas as gerações? Esqueceu-se Deus de ser benigno? Ou, na sua ira, terá ele reprimido as suas misericórdias?” (vv. 7-9). É até difícil imaginar tais indagações fluindo dos lábios de Davi, o homem segundo o coração de Deus. Felizmente, o salmo segue e, no versículo 10, Davi consegue um alívio da sua confusão mental e afirma: “Então, disse eu: isto é a minha aflição; mudou-se a destra do Altíssimo.” (v. 10) Em outras palavras: “A minha aflição está me fazendo pensar que Deus mudou a Sua benigna disposição para comigo.”
Bárbara deu sinais de compreensão. E, para ajudá-la ainda mais, completei: “Bárbara, a compreensão completa da relação entre cérebro, mente e espírito ainda está longe de ser um assunto resolvido, mesmo para nós que confiamos na Palavra de Deus. A depender do modo como a aflição nos impacta, é possível que, por algum tempo, nossa mente nos desoriente até em relação às convicções sobre as quais se fundamentam nossa fé. Foi assim com Elias, com Davi e com o profeta Jeremias. Porém Deus, que conhece até a palavra que ainda não nos chegou à língua, sabe que a desorientação da dor é parte da nossa fragilidade humana, mas não, necessariamente, uma negação da nossa fé n’Ele. Observe que, no caso de Davi, Deus não o repreendeu, todavia, gentil e suavemente moveu os olhos do seu coração e ativou sua memória para reconsiderar os feitos do SENHOR e lembrar-se das Suas maravilhas antigas. Bárbara, não seja exigente demais consigo mesma. Não entre em pânico porque está vendo as bases da sua fé levemente abaladas. Peça a Deus que a ajude a recordar as maravilhas que ele já tem operado na sua vida. Dessa forma, o Espírito Santo, selo da nossa redenção, vai ativar sua memória para lembrar-se dos “louvores do SENHOR, e do Seu poder e das maravilhas que fez” como lemos em salmo 78:4. Não esqueça: se preciso for, duvide da sua mente, mas não duvide daquilo que a Bíblia diz sobre o nosso Deus.”
Uma vez mais pude ver Bárbara respirando aliviada. Agora, ela podia lidar melhor com os desafios da interação entre emoção e fé. E, quanto às tarefas, algo novo? Perguntou Bárbara. Claro! Respondi. Mas será bem simples: até o nosso próximo encontro, cada dia, depois da sua leitura bíblica, você vai cantar o velho hino “Conta as Bênçãos” e, por alguns minutos, vai fazer uma lista de bênçãos que Deus lhe tem dado. Escreva o que vier à cabeça, começando com as bênçãos espirituais, seguindo para as de outra natureza. Assim, você recobrará seu ânimo, pois, como diz o hino, você “há de ver surpresa o quanto Deus já fez”.