Vencendo o medo e a ansiedade (15): Restaurando o foco da vida
Na epístola de Tiago, lemos sobre o “homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos” (Tg 1:8). A expressão “homem de ânimo dobre” significa literalmente “homem de mente dupla”, isto é, que não tem estabilidade em seus pensamentos e propósitos. A pessoa dominada pelo medo, pela ansiedade e pela preocupação se encaixa bem nesse perfil. Bárbara estava vivendo dessa maneira desde que a crise emocional havia iniciado. O medo não lhe permitia concentrar-se em uma coisa por vez. Ora pensava no ontem, ora no amanhã, e isso lhe tirava a energia para viver o momento presente.
Para pessoas que estão enfrentando crises emocionais e espirituais de qualquer ordem, não posso pensar em nada melhor do que a carta de Paulo aos Filipenses. Bárbara precisava meditar nas verdades contidas nesse livro do Novo Testamento. A carta aos Filipenses, conhecida como a “carta alegre”, é extremamente significativa para pessoas que estão amedrontadas por qualquer motivo. Quando mencionei que Paulo estava preso quando escreveu essa carta cheia de alegria, queria que Bárbara entendesse que é possível viver contente em toda e qualquer situação, pois nela está escrito: “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4:11-13). Pouco antes desse trecho, em Fp 4:6, o apóstolo Paulo ensina que, na dependência d’Aquele que nos fortalece, podemos vencer o medo e a ansiedade quando diz: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças”. A sugestão é que, no lugar de permitirmos que a ansiedade nos controle, devemos apresentar nossas necessidades a Deus em oração, com petição e com ações de graças. E, se assim o fizermos, a promessa é maravilhosa: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (4.7).
Bárbara deveria aproveitar todos os maravilhosos ensinos da epístola, todavia, inicialmente, queria que ela observasse bem os versículos 13 e 14 do capítulo 3, onde está escrito: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. Esses versos são essenciais para pessoas que estão mentalmente confusas, por causa de uma pequena, porém significativa frase: “uma coisa faço”. Bárbara precisava disso, pois o medo não lhe permitia fazer apenas uma coisa.
Conhecemos a história de Marta, irmã de Lázaro e de Maria. Vendo que ela estava excessivamente procurada com os afazeres domésticos, Jesus lhe disse: “Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas” (Lucas 10.41). O verbo “preocupar-se”, usado aqui por Jesus, vem de uma raiz que descreve um estado de agitação ou de desordem. Por estar com as prioridades trocadas, Marta não conseguia distinguir entre o que era bom e o que era melhor. Por isso, o Senhor prosseguiu: “Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada” (Lucas 10.42).
Bárbara precisava desacelerar sua alma. Assim, pedi-lhe que, pela manhã, ela reservasse um tempo diário para ler a epístola aos Filipenses. Durante quatro dias, cada dia ela deveria ler toda a epístola. No primeiro dia, deveria destacar um versículo do capítulo 1. Ao longo do dia, sempre que viesse pensamento de ansiedade, ela pensaria naquele versículo. O mesmo deveria ser feito com os outros capítulos nos dias subsequentes. No final, ela teria ganhado bastante conhecimento da epístola e poderia direcionar seu pensamento para aquilo que agrada a Deus.