Vencendo o medo e a ansiedade (16): Deixando o passado no seu devido lugar
Um importante segredo para uma vida feliz é aprender a arte de esquecer. Quem não se lembra de esquecer fica estagnado no passado, lutando com as suas falhas ou com as feridas que outros lhe causaram. O fruto de tal atitude será remorso, autocomiseração ou amargura. Quem não esquece o passado não vislumbra um bom futuro. Na sua crise de medo, a mente de Bárbara teimava em fazê-la reviver a vida que, como diria o poeta Casimiro de Abreu, “os anos não trazem mais”.
Os fatos que eu estava observando no comportamento mental de Bárbara, eu já os tinha visto em outras pessoas. Quando a ansiedade e o medo controlam o nosso coração, até a memória se transforma em mais um fardo que recai sobre os nossos ombros. Em tempos de excessiva sensibilidade emocional, as lembranças, quaisquer que sejam, transformam-se facilmente em fatos que potencializam a nossa dor e a nossa culpa. Com a mente perturbada, não conseguimos pensar linearmente; temos dificuldade em virar a página no livro das memórias e engajar o pensamento no momento presente. Por causa disso, entendi que deveríamos seguir com o texto de Filipenses 3:13-14, onde está escrito: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”.
Depois da leitura, eu disse: “Bárbara, você precisa meditar nessas palavras! Paulo resolveu esquecer o passado, a fim de prosseguir para o futuro que Deus tinha para ele. Se estivesse sempre recordando e sofrendo pelo que tinha acontecido na sua vida, Paulo não teria podido dar um passo adiante. Na sua biografia passada, havia incredulidade, blasfêmia, perseguição a cristãos e até cumplicidade com o assassinato de Estêvão. Paulo era um homem orgulhoso que se julgava justo, não reconhecendo a enormidade da sua transgressão e a necessidade de um Redentor. Após ter sido encontrado por Cristo, Paulo teve que enfrentar grandes lutas e passou a sofrer terrível perseguição por parte de judeus e gentios. Sendo acusado falsamente, foi açoitado, injuriado e apedrejado. Mais de uma vez, foi lançado em prisão, além de ter sido perseguido por falsos irmãos que tentavam destruir seu ministério. Além disso, na epístola aos Filipenses, no capítulo primeiro, ele fala sobre pessoas que pregavam o evangelho para desacreditá-lo e aumentar tribulação às suas cadeias. Se Paulo ficasse revivendo o passado, ele não teria forças para continuar o ministério que Deus lhe havia confiado. Por isso, ele aprendeu que esquecer certas coisas é essencial para nossa produtividade no reino de Deus. Bárbara, não permita que sua mente a mantenha aprisionada ao passado. A verdade de Cristo nos traz liberdade; não se torne presa de memórias.”
Meu desejo era que Bárbara seguisse o exemplo de Paulo, adotando uma postura firme ao ponto de aprender a esquecer-se das coisas que para trás ficaram. Agir assim é libertador, pois tal atitude será indispensável quando lidamos com coisas passadas que precisam ser perdoadas, pelo menos, setenta vezes sete.
Sabendo que, às vezes, nosso problema com o passado resulta do fato de não termos lidado bem com os pecados cometidos ou sofridos, propus a seguinte tarefa: 1) Se existe algum pecado passado que não foi confessado ao SENHOR, faça-o imediatamente. Tendo dificuldade em confiar no perdão de Deus, medite em 1João 1:9 e 2:1-2. 2) Se ainda é possível e edificante confessar a alguma pessoa contra quem você pecou, procure fazê-lo. Se não é possível nesse momento, peça a misericórdia do SENHOR sobre a pessoa, especialmente se ela sofre por conta do que você fez contra ela. 3) Se você sofre consequências de pecados dos quais você foi vítima, examine seu coração a fim de identificar marcas de amargura e cubra com amor o que for possível. Quanto ao mais, ore para que Deus leve a pessoa ao arrependimento e ore por você mesma, para ter sempre atitude de perdão.
Finalmente, pedi à Bárbara que considerasse as seguintes palavras de Salomão: “Jamais digas: Por que foram os dias passados melhores do que estes? Pois não é sábio perguntar assim.” (Eclesiastes 7.10). O que quer que tenha sido o passado, e a despeito das suas expectativas futuras, o melhor momento da vida é o momento presente, que deve ser recebido como uma dádiva divina para podermos continuar ou recomeçar.