Vencendo o medo e a ansiedade (30): A Coragem para enfrentar a morte
Na epístola aos Hebreus, capítulo 12, somos informados sobre uma “grande nuvem de testemunhas” que nos rodeia enquanto seguimos na corrida da fé. Em primeiro lugar, as testemunhas que nos inspiram são os heróis da fé cujos nomes e histórias figuram no capítulo 11 da epístola. Além desses, temos milhares de fiéis testemunhas de Cristo que, ao longo dos séculos, foram competidores valorosos, correndo com perseverança a carreira que lhes estava proposta e cruzando a linha final como admiráveis vencedores. Entre esses, Policarpo, bispo de Esmirna, ocupa um lugar de destaque.
Segundo registro antigo, Policarpo foi discípulo do apóstolo João e serviu como líder espiritual da igreja em Esmirna, uma das sete igrejas da Ásia Menor. Policarpo manteve-se fiel a Cristo por muitos anos, mesmo durante a época em que o Império Romano perseguia terrivelmente os cristãos.
Na cidade de Esmirna, havia um grupo de Judeus que divulgava notícias falsas acerca dos cristãos, tentando fazer com que o Cristianismo fosse considerado uma religião ilegal. Nesse propósito, os judeus que compunham a chamada sinagoga de Satanás, resolveram acusar Policarpo perante o procônsul romano em Esmirna. Assim, conseguiram que Policarpo fosse levado ao tribunal, a fim de ser julgado pelo crime de não adorar César e de ensinar que Cristo é o único Senhor.
Apesar das acusações contra Policarpo, as autoridades nutriam grande respeito por sua vida justa e por sua idade avançada, pois, nesse tempo, Policarpo já tinha 86 anos. Durante o julgamento, o procônsul aconselhou que Policarpo se arrependesse da sua devoção a Cristo, pois não queria condená-lo às feras. Ousadamente, Policarpo rejeitou a proposta do procônsul e aconselhou-o a se arrepender das suas injustiças. Vendo que não conseguia dissuadir aquele servo de Cristo, ao contrário, era confrontado por ele, o procônsul ordenou que o executassem na fogueira. No momento da execução, os soldados, sensibilizados, ainda insistiram, pela última vez, que Policarpo negasse sua fé e, apenas por um instante, declarasse: “César é senhor!” Foi nessa hora que Policarpo proferiu a famosa declaração: “Por 86 anos tenho servido a Cristo e Ele nunca me fez nenhum mal. Como blasfemarei o meu Rei que me salvou?”
Através dos séculos, o testemunho de Policarpo continua estimulando os discípulos de Cristo a seguirem fielmente ao SENHOR, a despeito do preço que tenham de pagar. Certamente, a história desse inesquecível herói da fé exemplifica as palavras de Jesus que encontramos em Mateus 10:28: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.” Os acusadores de Policarpo pereceram. O próprio Império Romano, com toda a sua glória, está reduzido a memórias que, com esforço, são escavadas das cinzas da história. A igreja de Cristo, porém, continua crescendo, e o Evangelho se espalha em toda a Terra. E, em nossos dias, quando o Inimigo se levanta para nos destruir, nada consegue, pois, como Policarpo, seguimos firmes, confiantes na inesquecível promessa do SENHOR: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Apocalipse 2.10).