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Até que a morte nos separe (2): Entendendo o problema

Salomão está absolutamente certo quando diz: “O que começa o pleito parece justo, até que vem o outro e o examina” (Provérbios 18.17). É impossível aconselhar casais adequadamente sem ouvir ambos os cônjuges. Além disso, depois de muitos anos de aconselhamento conjugal, descobri que a melhor abordagem é iniciar as conversas separadamente. O conselheiro deve entender a perspectiva de cada um antes de tentar tratar os dois. Quando os dois, cada um com suas queixas e percepções individuais, chegam juntos para compartilhar o problema, existe o grande risco de a sessão de aconselhamento transformar-se em um tempo de desculpas e acusações mútuas. 

Eu estava disposto a ajudar Bárbara, ainda que Pedro se recusasse a receber ajuda. Em geral, os homens são mais resistentes e orgulhosos no que diz respeito a compartilhar seus dilemas e a pedir ajuda. Felizmente, Pedro foi acessível, e marcamos o primeiro encontro. Inicialmente, expliquei as bases, motivações e a metodologia do aconselhamento bíblico. Queria que ele entendesse que, no final das contas, o que importa não é o que o conselheiro ou o casal pensam, mas o que Deus ensina e ordena na Sagrada Escritura. Novamente, recorri a Provérbios 18:13 que diz: “Responder antes de ouvir é estultícia e vergonha.” Mencionando esse versículo, queria que Pedro entendesse a importância de compartilhar com precisão o que estava acontecendo. Quem deseja a cura, precisa expor os sintomas da doença. Para aplicar o remédio da Palavra de Deus, é necessário saber a natureza e a extensão do problema. Em aconselhamento, o compromisso com a verdade e a transparência é essencial.

Problemas relacionados a casamento e família consomem grande parte do tempo do aconselhamento bíblico em qualquer igreja. A natureza, importância e desafios da vida conjugal explicam o motivo de tão grande demanda. Lamentavelmente, muitas pessoas acham que o casamento vai acontecer por si mesmo. Investem grande soma de tempo e dinheiro na vida profissional e não se dispõem a fazer o mesmo investimento no casamento e na família. Essa é a triste realidade dos nossos dias, e, por isso, sofremos com a corrosão das bases firmes que sustentam uma sociedade. O casamento, segundo o plano de Deus, é indispensável para que uma civilização sobreviva. 

Pedro tinha muitas queixas semelhantes às de Bárbara. Ele também sentia frieza e indiferença da parte dela. E, por sua vez, afastava-se, aplicando a conhecida regra de “pagar na mesma moeda”. O casal estava vivendo em competição ao invés de viverem em parceria, visando a edificação mútua. 

O Sermão da Montanha, registrado no Evangelho de Mateus, capítulos 5 a 7, é excelente para o tratamento de problemas conjugais quando os dois se declaram discípulos de Cristo. Desse modo, pedi a Pedro que, até o próximo encontro, lesse, pelo menos três vezes o sermão completo. Ao iniciar a última leitura deveria responder à seguinte pergunta: O que Jesus, neste sermão, exige que eu seja ou faça para a minha esposa. A leitura deveria iniciar e terminar com uma oração. Finalmente, Pedro deveria memorizar Mateus 7:12 que diz: “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas.”

Encerramos nosso encontro com uma perspectiva otimista. Pelo menos, o casal estava saindo da inércia destrutiva e se movendo em direção à obediência ao SENHOR.