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Até que a morte nos separe (5): A necessidade do amor de Cristo 

Agostinho de Hipona, reconhecido filósofo e teólogo do quinto século, no parágrafo de abertura das suas Confissões – sua autobiografia espiritual escrita em forma de oração – fez uma declaração inesquecível: “Fomos criados para ti, e nosso coração fica inquieto enquanto não acha descanso em ti.” Traduzindo a afirmação singela do reconhecido teólogo do norte da África em termos bíblicos, poderíamos, acertadamente, citar as palavras do apóstolo Paulo em Colossenses 1:15-17, onde, referindo-se a Cristo, disse: “Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste”. 

Antes de tentar encontrar maneiras para fazer com que casais em crise se aproximem um do outro, é necessário achar meios de fazê-los entender que, em primeiro lugar, precisam se aproximar de Cristo. O amor que o casal afirma ter acabado, provavelmente, nunca existiu, porque o amor jamais acaba. O amor verdadeiro só pode ser experimentado quando decidimos nos aproximar de Cristo, pois, como diz o apóstolo João, “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (1João 4.19). O amor acerca do qual tanto falamos, pelo qual o nosso coração tanto anseia, é uma necessidade embutida em cada fibra do nosso ser, que foi criado por Deus e para Deus. Longe de Deus, nenhum homem conseguirá uma vida plena, porque, à parte do Criador, ninguém poderá conhecer o amor. 

Antes de qualquer providência, Pedro e Bárbara precisavam avaliar seu relacionamento com Cristo, que começa quando reconhecemos que, naturalmente, estamos “mortos em nossos delitos e pecados”, sem a menor condição de nos livrarmos do justo juízo de Deus, senão por meio do Filho de Deus, que veio “buscar e salvar o perdido.” Quando reconhecemos nosso estado de perdição eterna e admitimos que necessitamos da intervenção de Deus para que possamos amá-l’O, a luz se acende em nossa alma, e passamos da morte para a vida. Esse é o começo da nossa verdadeira história de amor, pois, uma vez que fomos feitos novas criaturas, podemos, como diz o apóstolo Paulo, “compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus” (Efésios 3.18–19).

Para ajudar o casal a lidar com a crise de falta de amor que, segundo eles, estava ameaçando o casamento, pedi que Pedro e Bárbara meditassem em Hebreus 12:1-3, considerando especialmente o verso 3 que diz: “Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma” (Hebreus 12.3). A tarefa era simples: Considerar atentamente como Jesus expressou Seu amor pelos pecadores e como isso poderia fortalecê-los como casal, renovando as forças, para que não desistissem, por estarem fatigados nas suas almas. Além disso, cada um deveria reconhecer pelo menos uma atitude ou motivação errada para com o seu cônjuge, pedir perdão e se esforçar para agir diferente, imitando o amor de Cristo.

Antes de falar de amor no casamento ou em qualquer outro relacionamento, precisamos estar certos de que nossa vida se move em direção a Deus, em Quem encontramos o descanso e a paz que a nossa alma almeja.