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Até que a morte nos separe (6): Sonhando com o amor 

O sonho de um grande amor é o mais profundo desejo que se abriga em nossas almas. Esse desejo palpita de modo tão intenso, porque faz parte da maneira como fomos criados. A expectativa do amor é mais um dos elos divinos que confirma que temos a imagem e semelhança de Deus. Sonhamos com “um amor para recordar” porque, dentro de nós, mesmo sem pensar, somos atraídos para Deus, assim como as abelhas são atraídas para as flores. Almejamos um grande amor porque “Deus é amor” (1João 4:8).

Por que ficamos tão tocados com as histórias românticas, reais ou fictícias, em que um casal se uniu em um relacionamento de amor, e os dois viveram felizes para sempre? Por que nos emocionamos em cerimônias de casamento, quando presenciamos o momento singelo em que um homem e uma mulher, sob as bênçãos do SENHOR, decidem deixar pai e mãe para se unirem em santo matrimônio, “tornando-se os dois uma só carne?” (Gênesis 2.24). O que há de tão tocante nos Cânticos dos Cânticos, poesia de amor em que Salomão descreve os prazeres e desafios de viver ao lado da sua primeira esposa, a amada Sulamita? Histórias de amor, quer sejam na forma clássica, como em Romeu e Julieta, quer na leveza da inocência infantil, como em Cinderela, grudam-se ao nossos corações e despertam em nós as mais doces sensações. E a resposta humana que mais explica essa realidade pode ser achada nas palavras de Agostinho de Hipona, que cito mais uma vez: “Pois fomos criados para ti, e nosso coração fica inquieto enquanto não achar em ti descanso.”

Recordando esse tema, meu objetivo era ensinar ao casal que nossos sonhos e expectativas de amor e realização devem ser direcionados, em primeiro lugar, para Deus. Muitos casamentos estão à beira da dissolução por causa de expectativas frustradas. É certo que o amor conjugal é uma bênção de valor imensurável, todavia deve sempre ser visto como um fruto que brota da árvore do amor de Deus. Lamentavelmente, muitos jovens casais iniciam a vida envoltos em romantismo desproporcional, repousando todos os seus sonhos nas mãos do outro. Criam a expectativa de que a emoção que aflorava durante o namoro e os primeiros anos juntos será uma realidade constante e crescente a cada novo dia. Quando isso acontece, o casal está iniciando um caminho que levará a muitos percalços. É preciso lembrar que os anseios do nosso coração são grandes demais para serem supridos plenamente pelo cônjuge. O amor perfeito que tanto almejamos só pode ser encontrado no relacionamento com o Criador.

“Pedro e Bárbara”, disse, “vocês precisam calibrar suas expectativas, a fim de que não se desanimem no casamento. Não procurem encontrar no outro aquilo que só podemos achar em Deus. Quando o relacionamento conjugal não está bem, ou quando, por decisão ou por acidente, somos feridos pelo cônjuge, não devemos achar que tudo está perdido, nem que a vida perdeu o sentido. Nossa esperança, alegria, estabilidade e acolhimento estão no SENHOR. Nele, podemos repousar os nossos sonhos, e não seremos decepcionados. Na verdade, quando criamos expectativas exageradas naquilo que o outro poderá fazer por nós, quando fazemos do outro o nosso “porto seguro”, como alguns desavisadamente  costumam falar, estamos elevando o cônjuge à posição de veneração que deve ser exclusiva do SENHOR. Isso também é uma perigosa forma de idolatria.”

No Salmo 18:1-2, Davi declara: “Eu te amo, ó Senhor, força minha. O Senhor é a minha rocha, a minha cidadela, o meu libertador; o meu Deus, o meu rochedo em que me refugio; o meu escudo, a força da minha salvação, o meu baluarte.” Lembrando o que falamos e meditando nas palavras de Davi, aconselhei que o casal, individualmente, tivesse um tempo de reflexão, respondendo às seguintes perguntas: De acordo com o Salmo 18:1-2, que papel Deus deve ocupar na minha vida? Será que tenho buscado, no meu cônjuge, aquilo que só poderei encontrar no SENHOR? De que maneira devo equilibrar minhas expectativas em relação ao outro. As respostas deveriam ser compartilhadas entre si, ficando ambos disponíveis para ouvir o outro e confessar qualquer pecado que pudesse vir à tona depois dessa conversa.