Até que a morte nos separe (9): Pesando o valor do compromisso conjugal
Toda superficialidade é inimiga do bem. Por isso, o mal prospera tanto em nossos dias. Imersa em um mar de trivialidades, a sociedade honra o que é vil e despreza o que é honroso. Por causa dessa infantilidade endêmica que nos consome, a quantidade de casamentos desfeitos cresce assustadoramente. O verbo pensar, do Latim “pensare”, origina-se de uma raiz que significa “pesar” ou “pendurar para avaliar o peso”. Condicionados a evitar a reflexão, perdemos a capacidade de “pesar a realidade” e nos tornamos fúteis. Não temos “ganchos” onde pendurar o matrimônio, a fim de avaliar seu peso, sua singularidade, seu significado e sua beleza.
Quando encontro um casal pensando em divórcio, imediatamente me lembro das palavras de uma mulher que sofreu um divórcio. De modo direto e preciso, ela dizia que divórcio é um funeral sem um corpo para ser velado. Pessoalmente, considero essas palavras uma definição precisa para o divórcio. Infelizmente, devido à cegueira causada pelo pecado, muitos só entendem o potencial destrutivo de um divórcio quando já não conseguem refazer sua história.
Para ajudar Pedro e Bárbara a esquecer definitivamente a ideia de divórcio, perguntei: “Pedro e Bárbara, vocês se lembram do compromisso que fizeram no dia do casamento?” Ambos confirmaram que não poderiam lembrar cada palavra, mas sabiam que o celebrante tinha usado a fórmula clássica para os votos matrimoniais. “Tudo bem. Não precisam repetir agora os votos. O mais importante é que vocês se lembram do teor geral e disseram sim ao compromisso proposto.” Os dois confirmaram que esse tinha sido o caso. “Então”, continuei, “gostaria de ler com vocês um versículo importante para o que estamos falando.” Li para o casal as palavras do SENHOR Jesus em Mateus 5:37: “Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno.” A aplicação desse versículo no contexto do casamento é clara. Quando um casal decide se unir em santo matrimônio, está entrando em um acordo ou aliança na qual empenham a honra da sua palavra. Essa aliança, aos olhos de Deus, é bastante séria e não deve ser contraída levianamente. Por isso, costumo dizer que Mateus 5:37 é a “balança” para pesar se uma pessoa está pronta para o casamento. Quem decide casar, deve ser capaz de assumir compromissos e honrá-los, deve ser uma pessoa de “sim, sim; não, não”, de acordo com as palavras de Cristo. Portanto, acima de posição social, capacidade intelectual, recursos financeiros entre outras coisas, quando uma pessoa está considerando alguém para ser seu cônjuge, deve observar o caráter da pessoa. A segurança da permanência e da vitória nas lutas conjugais depende da fidelidade e dignidade com que uma pessoa valoriza seus compromissos.
Pedro e Bárbara precisavam, diante de Deus, reavaliar os votos que tinham feito. Para isso, pedi que eles olhassem juntos as fotos do dia do casamento. Além disso, deveriam assistir à filmagem da cerimônia, dando especial atenção ao momento dos votos. Depois, o casal deveria ter um momento de oração, reafirmando, diante de Deus, a decisão de cumprir, com fidelidade, os votos que tinham pronunciado.
Lamentavelmente, muitos casais não tiveram a ajuda que Pedro e Bárbara estavam recebendo. Outros receberam, mas não quiseram desistir das inclinações do seu coração duro. Apesar de tudo, a boa notícia é que Deus jamais rejeita um pecador arrependido. Ele pode refazer sua história a partir do ponto em que você está. Na nossa rebeldia e leviandade, às vezes, deixamos atrás de nós um rastro de destruição e feridas abertas que não mais podemos fechar. Ainda assim, Deus, na Sua graça, pode nos acolher, pois, na epístola de Tiago, está escrito: “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração. Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza. Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará.” (Tiago 4.8–10).