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Até que a morte nos separe (15): Meditando na bondade do SENHOR

“Pastor, o que me dói é que eu não merecia passar por isso. Sempre fiz o melhor que uma esposa poderia fazer. Pedro desprezou meu amor e meu esforço para tornar sua vida a mais agradável possível. Eu não esperava tamanha ingratidão da parte de alguém a quem só fiz o bem.”

Não serão poucas as vezes em que tais palavras sairão dos lábios de um aconselhado. Eu percebia a luta interna de Bárbara. Era evidente que havia alguns equívocos na sua percepção que tornava a situação ainda mais difícil. Nesses casos, o conselheiro deve ouvir pacientemente sem correr para dar uma resposta ou exortação. É importante recordar-se do procedimento do Maravilhoso Conselheiro, que não esmagava a cana já quebrada nem apagava o frágil pavio em que houvesse ainda uma pequena chama, mas, como afirma o profeta Isaías, “em verdade, promulgará o direito” (Isaías 42:3). Bárbara precisava ouvir a verdade em amor. Foi assim que, depois de ouvi-la, tentei ajudá-la a reconsiderar seus pensamentos e sentimentos. 

Em Romanos 12:3, está escrito “Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um.” Quando estamos enfrentando provações severas, pensar além do que convém e não ser moderados no modo como vemos a nós mesmos sempre aumentam as nossas dores. Tal atitude resulta em autocomiseração, que não ajuda em nada.  

Infelizmente, temos a tendência de achar que não estamos recebendo o bem que merecemos. Esquecemo-nos de que, na verdade, não temos méritos que possam nos assegurar uma vida feliz e sem dor. Diante do Deus santo, que, constantemente, é desonrado pelo nosso pecado, se fôssemos tratados como merecemos, terminaríamos sofrendo a condenação eterna. Em Romanos 7:18, o apóstolo Paulo afirma: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo.” Ou seja, não temos como reivindicar nossos direitos, pois, diante de Deus, temos uma dívida eterna. Em vez de achar que somos merecedores do bem, deveríamos meditar nas palavras de Davi no Salmo 103:10, onde está escrito: “Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades.”

“Bárbara, entendo sua dor, no entanto, em vez de olhar para seus méritos, considere a bondade do SENHOR. Somos sempre dependentes da bondade de Deus. Por Sua graça, Ele nos dá o que não merecemos, isto é, a vida eterna. E, por sua misericórdia, Ele não nos dá o que merecemos, ou seja, a condenação eterna. Apesar do que somos, Deus nos amou desde antes da fundação do mundo e, no tempo apropriado, chamou-nos e revelou Seu Filho a nós. Assim, quando merecíamos a morte, Ele nos deu vida; quando deveríamos receber a condenação, Ele nos presenteou com a salvação. É por isso que devemos, em qualquer circunstância, meditar nas bênçãos espirituais e nos alegrarmos em quem somos em Cristo. Não se aflija por aquilo que não está obtendo nesta vida, todavia se alegre com o que Deus lhe deu para a vida eterna. Quando estamos em provação, devemos meditar no que o Filho de Deus sofreu para nos livrar do pior sofrimento: a perdição eterna. O mundo todo pode nos rejeitar, mas Cristo nos ama, e isso é o que faz toda a diferença. Na verdade, a maior bênção da vida é o fato de Deus não nos dar o que merecemos.”

Para ajudar Bárbara a focalizar seus pensamentos na direção certa, pedi que ela meditasse no Salmo 103, destacando todos os motivos de louvor que se acham ali. Depois, ela deveria, nos próximos sete dias, ter um momento de oração em que agradecesse por cada bênção espiritual que observasse nesse salmo. 

Sempre é bom nos lembrarmos das palavras de João Batista: “Convém que ele cresça e que eu diminua” (João 3.30).