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Até que a morte nos separe (23): A segunda cláusula do contrato do perdão

Perdão é um compromisso, uma aliança de concessão de graça que nos faz resistir a todas as tentações para retroceder. Por isso, a primeira cláusula do contrato do perdão é: jamais traga à superfície o pecado perdoado com o fim de renovar a culpa pela dívida já quitada. A segunda cláusula, semelhante à primeira, é: Não fique voluntariamente meditando no pecado que sofreu. 

Nem sempre temos controle sobre os pensamentos que chegam a nossa mente, porém somos responsáveis pelos que se tornam objetos da nossa meditação. Ao contrário do que, geralmente, as pessoas imaginam, Deus espera que sejamos responsáveis pelo que pensamos. Em Filipenses 4:8, o apóstolo Paulo declara: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.” Ao determinar a natureza das coisas que devem ocupar nossos pensamentos, a Palavra de Deus não dá base para a ideia de que somos vítimas dos nossos pensamentos. Por isso, para que o perdão tenha efeito, devemos nos comprometer em não deixar nossa mente mergulhada nas ofensas que sofremos.

No Salmo 103, onde Davi ensina que o SENHOR, por causa da Sua infinita bondade, dispensa sobre nós infinita misericórdia, está escrito: “Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões” (Salmos 103.11–12). Para sermos imitadores de Deus na forma como perdoamos, precisamos afastar de nós as transgressões que nos foram cometidas. Deixar longe de nós o pecado perdoado é um modo de evitarmos a amargura e todos os outros frutos desagradáveis que podem brotar, se a nossa mente ficar girando em torno da ofensa.

Quando Bárbara descobriu o pecado do marido, foi tomada pelo ímpeto de querer saber todos os detalhes. Embora lhe parecesse natural que ela tivesse direito a toda informação que desejasse saber, procurei ajudá-la a ver quão improdutivo seria seguir por esse caminho. A mente cheia de detalhes somente traz mais desgosto e torna mais dura a batalha contra os maus pensamentos. O conhecimento do mal nunca traz edificação. Bárbara tinha muito contra que lutar internamente, porém isso não era um obstáculo intransponível ao compromisso de não ficar remoendo o pecado. Com esforço, vigilância e oração, ela poderia dar esse passo e cumpri-lo fielmente. 

Sem dúvida, seremos fortalecidos na nossa decisão de não ficar pensando no pecado que já foi perdoado, se nos lembrarmos de que é assim que Deus nos perdoa e nos assegura Seu favor eterno. Pedro seria beneficiado pelo perdão de Bárbara, e ela mesma seria abençoada ao lhe conceder o perdão. Porém sua decisão de perdoar não era por causa de Pedro nem por causa dela, mas por causa de Deus e para Sua glória, pois a Escritura diz: “Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós” (Colossenses 3.13).