Até que a morte nos separe (27): Fortalecidos pela provação
No livro de Deuteronômio, o quinto das Escrituras, Moisés faz um relato retrospectivo dos quarenta anos do povo de Israel no deserto. Esse livro, que muito se assemelha a um sermão, é cheio de explicações acerca da obra que Deus queria realizar no coração do Seu povo durante aqueles anos de peregrinação. É por isso que, em Deuteronômio 8:2, Moisés afirma: “Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos.”
De acordo com Moisés, a provação no deserto, entre outras coisas, servia para trazer à superfície o que estava oculto no coração do povo. Tal conhecimento, evidentemente, não tinha a ver primeiramente com Deus, pois o SENHOR sabe de todas as coisas. A melhor maneira de entender essa passagem bíblica é dizer que Deus usou a provação para revelar o coração do povo. Ter o coração exposto pode ser doloroso, porém é sempre benéfico quando estamos dispostos a obedecer a Deus. Em Provérbios 20:8, Salomão diz que os propósitos do coração humano são como águas profundas. Em outras palavras, aquilo que se esconde no nosso coração não pode ser percebido facilmente. Por isso, Deus usa as provações para revelar o que está oculto na nossa alma, a fim de que possamos lidar com os pecados que impedem que tenhamos boa comunhão com o SENHOR.
Deus sabe a natureza e a intensidade das provas por que cada casal precisa passar para crescer em obediência a Ele. Embora Pedro e Bárbara, por algum tempo, pensassem que a provação estava indo além do que podiam suportar, esse não era o caso. Em 1Coríntios 10:13, está escrito: “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.” Desse modo, mesmo que, à semelhança dos amigos do profeta Daniel, tenhamos que passar pela fornalha acesa sete vezes mais (cf. Daniel 3), esse processo doloroso nunca será além da nossa capacidade de suportar. O Senhor sabe bem o que nos acontece e nos acompanha em cada luta. Em Lamentações 3:32-33, o profeta Jeremias afirma que o SENHOR, ainda que “entristeça a alguém, usará de compaixão segundo a grandeza das suas misericórdias; porque não aflige, nem entristece de bom grado os filhos dos homens.” Essa também é a mensagem de Salmos 103:13 que diz: “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece dos que o temem.”
Passado o tempo de provação mais severa, Pedro e Bárbara podiam ver como Deus usou as duras provas a fim de prepará-los para uma nova e abençoada fase na vida conjugal. Eles já podiam entender melhor as palavras do salmista que diz: “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos” (Salmos 119.71).
Considerando todos esses fatos, pedi que o casal pensasse sobre os benefícios que eles estavam colhendo por causa das provas a que foram submetidos. Depois, que tivessem um momento de oração em que pudessem mostrar gratidão ao SENHOR, pedindo também que aquilo que tinham aprendido fosse usado como meio de abençoar outros casais que iriam passar por circunstâncias semelhantes às que eles haviam passado.