Meditações no Evangelho de João (2): Uma Testemunha Confiável
Quem escreveu a Bíblia? A resposta da própria Bíblia é a seguinte: “… sabendo primeiro isto, que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação, porque a profecia jamais foi dada pela vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falavam, movidos pelo Espírito Santo” (2Pedro 1:20-21). Conhecer as credenciais de um autor é importante para que tenhamos confiança na sua obra. Isso é essencial em relação a todo e qualquer livro que nos chegue à mão, sendo ainda mais fundamental quando o exemplar que estamos lendo se propõe a falar sobre Jesus Cristo e a vida eterna. Nesse assunto não é sábio confiar em qualquer pessoa.
Embora, em séculos recentes, muitos tenham se levantado para negar a tradicional convicção que atribui ao apóstolo João a autoria do Evangelho que traz seu nome, tal contestação não possui uma firme base de sustentação. Tanto as evidências internas, isto é, do próprio livro, quanto as externas, o antigo testemunho dos primeiros séculos da história do Cristianismo, dão apoio suficiente e inegável para o fato de que o Evangelho de João foi escrito pelo próprio apóstolo João.
A lista das muitas evidências à autoria joanina pode ser encabeçada, por exemplo, pelo que lemos no próprio Evangelho de João. No capítulo 21, versículo 24, está escrito: “Este é o discípulo que dá testemunho a respeito destas coisas e que as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.” O contexto desse versículo deixa claro que tais palavras foram proferidas pelo “discípulo a quem Jesus amava, o qual na ceia se reclinara sobre o peito de Jesus…” (João 21:20). Embora não encontremos no Evangelho uma afirmação direta de autoria que traga o nome de João, as informações que encontramos no capítulo 21 nos levam à conclusão inegável de que o autor era o discípulo amado. Em uma breve investigação no Evangelho de João e nos outros três Evangelhos, chegamos facilmente à conclusão de que João, filho de Zebedeu e irmão de Tiago, é o discípulo amado. Assim, ao lermos o relato do Evangelho de João, podemos estar certos de que estamos recebendo informações de uma testemunha ocular acerca dos fatos que escreveu. Por essa razão, o autor desse Evangelho afirma no capítulo 1, versículo 14: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” Tais palavras combinam com o que João afirma na Sua primeira epístola, no capítulo 1, versículos 1 e 2:“O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada)…”
Imaginemos uma pessoa que esteja interessada em conhecer acerca da vida dos prisioneiros nos campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra. Ao iniciar sua busca de informações ele tem duas opções. A primeira seria conversar com um estudioso, doutor em história moderna, que tem investido incontáveis horas de pesquisa em bibliotecas e museus, lendo tudo que podia acerca da vida nos campos de concentração. A segunda opção seria conversar com um ancião judeu, ainda lúcido e de boa memória, que fora prisioneiro por cinco anos em um daqueles campos. Nem sei de você, mas, quanto a mim, a decisão seria muito fácil, pois nenhuma testemunha de segunda mão pode ter precedência sobre uma testemunha ocular. O Evangelho de João foi escrito por um homem que andou com Cristo e, assim, pode falar com propriedade sobre a identidade de Jesus e sobre o Seu poder para nos salvar.
Não deixe de ler o Evangelho de João. Essa leitura pode definir sua eternidade.