Meditações no Evangelho de João (7): Da água para o vinho
No capítulo 1, João abre seu Evangelho fazendo uma introdução geral à natureza divina de Jesus, reforçando essa apresentação com o testemunho de João Batista. Nesse capítulo, o leitor fica sabendo como aconteceu o encontro entre Jesus e Seus primeiros discípulos. No capítulo 2, João começa seu relato interpretativo dos sinais e maravilhas realizados por Jesus com seu alvo sempre em mente: fazer com que os leitores creiam que Jesus é o Cristo, e, crendo, recebam a vida eterna.
A transformação de água em vinho em uma festa de casamento foi o primeiro dos trinta e cinco milagres de Jesus relatados nos quatro Evangelhos. Esse importante evento ocorrido em Caná da Galileia não causou comoção pública como outros, mas foi importante para os que estavam mais próximos do SENHOR. Diante do vexame do término do suprimento de vinho, Maria, que cria que Jesus era o Filho de Deus, O fez ciente do problema, pensando que tinha chegado o momento ideal de Jesus, por meio de um milagre, convencer os judeus presentes acerca da Sua identidade messiânica. Jesus respeitosamente rejeitou a opinião de Sua mãe, mostrando que ele seguia a agenda do Pai. No entanto realizou o milagre que revelou Sua divindade por meio do poder de transformar a água em vinho. No capítulo 1, versículo 3, João escreveu que “todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez.” Isso significa que a transformação de água em vinho no casamento em Caná não era um evento único. Todos os processos agrícolas incríveis que fazem brotar as videiras e produzir as uvas bem como o processo de fermentação que torna o suco de uva em vinho acontecem sob o poder e a provisão de Cristo, que sustenta todas as coisas. A diferença em Caná da Galileia foi apenas a aceleração dos processos, que não deixa de ser um notório sinal do poder de Cristo.
Um fato curioso é que, embora os serventes soubessem a origem do bom vinho que Jesus fornecera, não comunicaram ao superintendente do banquete, pois este recriminou o noivo por não ter disponibilizado o bom vinho mais cedo. Aqui percebemos um padrão que vai se repetir no Evangelho de João: pessoas veem os sinais, porém estão cegos para o seu significado. Parece que a informação chega ao intelecto, contudo não desce para o coração.
Apesar de parecer que o milagre em Caná teve efeito limitado, na verdade serviu para os discípulos de Jesus, entre os quais se encontrava Maria. Uma vez que ela guardava no coração as revelações impressionantes acerca de Jesus, como lemos no Evangelho de Lucas, depois do milagre em Caná, deve ter acrescentado mais uma lembrança ao seu conjunto de preciosas memórias. Em Caná, Maria aprendeu que o Messias não iria usar a força do Seu poder para angariar simpatizantes naquele momento. Os sinais podem atrair interesseiros, todavia Jesus estava em busca de discípulos. Assim, os sinais têm grande valor para os que desejam sinceramente comprometer-se com Cristo, pois João encerra o relato do milagre dizendo: “Com este, deu Jesus princípio a seus sinais em Caná da Galileia; manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele” (João 2.11). A pessoa que humildemente se dispõe a considerar as muitas evidências comprovatórias de que Jesus é o Cristo, o único Mediador entre Deus e os homens, verá a glória de Cristo e será conduzida à fé salvadora.
O Cristo que pode transformar água em vinho é poderoso para abrir os olhos do nosso coração, a fim de vermos o nosso pecado e a nossa necessidade do Salvador. Leia o segundo capítulo do Evangelho de João e fale com Jesus sobre o seu desejo de conhecê-l’O e de crer n’Ele.