Meditações no Evangelho de João (9): Entendendo o Novo Nascimento
No final do segundo capítulo do Evangelho de João, lemos que Jesus tem perfeito conhecimento do coração dos homens. Para reforçar essa verdade, João narra o diálogo entre Jesus e Nicodemos. Nessa ocasião, Jesus revela conhecer a confusão espiritual no coração de Nicodemos que, nos seus dias, era reconhecido como o principal mestre religioso de Israel (cf. 3:10). Apesar disso, ele não conseguiu entender o significado e a necessidade do novo nascimento, ficando confuso quando Jesus lhe disse: “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3.3).
O conceito do novo nascimento, ou regeneração, não aparece pela primeira vez no capítulo 3 do Evangelho de João. Antes, no capítulo primeiro, João disse que todos os que aceitam o fato de que Jesus é o Verbo de Deus, isto é, Aquele que, por ser divino, revela perfeitamente o Pai, recebem o poder de serem feitos filhos de Deus. A seguir, o autor sagrado explica que os que recebem a bênção de serem aceitos na família de Deus são os que, pela fé em Cristo, ganharam nova vida pela ação sobrenatural de Deus. Sabemos disso porque João diz que os filhos de Deus não são os que “nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (João 1:13). Apesar de todo o seu zelo religioso, Nicodemos não conseguia entender o que Jesus estava falando. Tal era a confusão, que ele perguntou a Jesus: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?” (Jo 3.4).
Vendo a dificuldade de compreensão de Nicodemos, o SENHOR procurou facilitar o entendimento do Seu ensino, dizendo: “Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo” (João 3:5-7). Nicodemos, certamente, sabia do ritual do batismo ao qual João Batista submetia os que, arrependidos, confessavam seus pecados a fim de entrarem no reino de Deus, que João anunciava. Pelo seu conhecimento do Antigo Testamento, muito provavelmente, Nicodemos se lembrava de que os profetas tinham falado acerca de um tempo futuro no qual Deus haveria de enviar Seu Espírito para habitar com Seus filhos, inundando suas almas, como as águas inundam uma porção de terra seca. A esse respeito, Deus, por intermédio do profeta, havia declarado: “Porque derramarei água sobre o sedento e torrentes, sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade e a minha bênção, sobre os teus descendentes” (Isaías 44:3).
Em vários textos, a Bíblia fala do novo nascimento como sinônimo de salvação. Paulo desenvolve essa mesma ideia, dizendo que se alguém está em Cristo “é nova criatura”, ou seja, é uma pessoa regenerada pela ação do Espírito Santo, que age no coração do ser humano, levando-o ao “arrependimento para a vida”, como está escrito em Atos 11:18.
Ao pensar na obra miraculosa do Espírito Santo na nossa alma, efetuando o novo nascimento, é natural que os detalhes desse agir divino escapem à nossa capacidade de explicação. Nesse aspecto, somos ajudados pela ilustração que Jesus utilizou na conversa com Nicodemos, quando afirmou: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito” (João 3:8). O processo do novo nascimento pode ser difícil de explicar porque, assim como o vento, ele também é invisível. Por outro lado, o Espírito Santo causa a regeneração, e os efeitos dessa obra divina não podem ser ocultados, da mesma forma que o vento se manifesta pelos efeitos da sua passagem.
Você já nasceu de novo? Quando se deu sua entrada na família de Deus? Lembre-se de que a fé em Cristo é essencial para a regeneração. E essa fé nasce quando ouvimos a Palavra de Deus. Ouça, pois, a voz de Cristo no Evangelho de João. Leia o capítulo 3 e fale com o SENHOR sobre sua necessidade da vida eterna.