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Meditações no Evangelho de João (14): Saciando a sede da alma

A fim de sedimentar o ensino de que Jesus era Deus, no capítulo 2, João afirmou: “E não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana” (v. 25). Tão importante fato se confirma nos capítulos 3 e 4, onde lemos acerca dos encontros pessoais que Jesus teve com algumas pessoas. No capítulo 3, o SENHOR se encontra com Nicodemos, um homem judeu, religioso, e de moral elevada. No capítulo 4, o encontro foi com uma mulher samaritana, sem religião, e sem predicados morais. Duas pessoas, externamente, bastante diferentes; no entanto, espiritualmente, ambos tinham a mesma necessidade.

Enquanto seguia da Judeia para a Galileia, cansado da longa caminhada, Jesus sentou-se à beira de um poço. Vendo aproximar-se uma mulher que vinha buscar água, Jesus a abordou com um pedido: “Dá-me de beber”. É certo que Jesus estava sedento, porém esse não era o motivo principal para que o SENHOR iniciasse o diálogo. Ao pedir que a mulher Lhe desse água, Jesus estava procurando meios para revelar a ela Sua identidade divina.

Surpresa com a atitude de Jesus, a mulher procurou encerrar o diálogo rispidamente, dizendo: “Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana…?” (João 4.9). Trazer à luz a antiga rixa entre judeus e samaritanos era a desculpa perfeita para colocar um ponto final na conversa. Jesus, deixando de lado os estranhamentos raciais, foi direto ao ponto que realmente interessava e respondeu: “Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva” (João 4.10). Sem entender que Ele falava da sua necessidade espiritual, ela se mostrou cética quando à capacidade de Jesus de providenciar essa “água viva”, visto que Ele não tinha como tirar água, e o poço era profundo. 

Para ajudar a samaritana a entender Sua mensagem, o SENHOR Jesus causou espanto ao revelar detalhes da vida de pecado que ela levava, embora esse fosse o primeiro encontro entre eles. Assustada com o conhecimento sobrenatural de Jesus, ela, finalmente, reconheceu que Ele era um profeta. Apesar disso, procurou, uma vez mais, desviar-se do confronto espiritual, tentando fazer com que a conversa com Jesus se concentrasse em debates sobre as diferenças religiosas entre os samaritanos e os judeus. Vendo que a mulher estava apenas procurando mais uma rota de fuga, Jesus, com paciência, esclarece sua dúvida, sem deixar que o tópico da religião desviasse a mulher da sua necessidade de salvação. Aos poucos, ela começou a revelar sensibilidade espiritual, falando da sua expectativa em relação ao Messias. Então, Jesus percebeu que havia chegado o momento ideal para que a samaritana entendesse que o Messias, que ela desejava ver, estava diante dela. Impressionada com o que viu e ouviu de Cristo, esquecendo-se de que não era aceita na sociedade por causa da sua vida de pecado e tomada de confortante espanto, a mulher correu para a cidade, a fim de testemunhar às pessoas a respeito de Jesus. A história termina com a salvação da samaritana e de muitos outros que creram em Cristo.

Estando naturalmente separados de Deus, nossa mente e nosso coração não possuem vitalidade espiritual sequer para entender o que está errado dentro de nós. Depois de ter gastado sua vida inteira nas trevas, a mulher samaritana, instintivamente, tentava fugir de Jesus, a verdadeira Luz do mundo. Exatamente como lemos em João 3:20: “Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras.”

A história da samaritana não é única. Como ela, nós também, por sermos escravos do pecado, não nos sentimos naturalmente atraídos a Cristo e ao Evangelho. Nosso ímpeto é fugir d’Aquele que veio buscar e salvar o perdido. Graças ao SENHOR por Sua insistente misericórdia, com a qual Ele usa diferentes meios para nos fazer conhecê-l’O, até que cheguemos ao ponto de crer somente n’Ele como nosso único Salvador, único Senhor e único Mediador.