Meditações no Evangelho de João (16): Estágios críticos no caminho da fé (parte 2)
Os caminhos pelos quais a fé salvadora chega ao coração de uma pessoa sempre terão contornos individualizados, enquanto conduzem todos que a abraçaram ao único ponto de chegada válido: Jesus Cristo, o Filho de Deus. Se a pessoa que palmilha o caminho da fé não chegar ao ponto de receber Jesus Cristo como seu Salvador, será porque, em algum momento, seu caminho tomou um desvio enganoso, pois, a esse respeito, a Escritura diz: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos dos Apóstolos 4.12).
A história da cura do filho de um oficial do rei registrada em João 4:46-54 revela que, enquanto uma pessoa se inclina em direção a Cristo, é possível que sua confiança no SENHOR precise avançar através de determinados estágios. No caso do oficial suplicante, seu percurso de fé cresceu do estágio inicial da admiração ao da salvação, tendo a convicção como estágio intermediário.
Inicialmente, quando o homem nobre se aproximou de Jesus, ele via o SENHOR como uma pessoa capaz de acessar poderes sobrenaturais em seu favor. Nesse ponto, não podemos negar que ele manifestava fé em Jesus. No entanto, essa confiança se alimentava apenas das evidências dos sinais e maravilhas. Jesus, prontamente, o repreendeu por isso (João 4:48), porém não rechaçou o oficial pedinte, mas o desafiou a dar um passo além na sua caminhada de fé.
Em João 4:49-50, lemos: “Rogou-lhe o oficial: Senhor, desce, antes que meu filho morra. Vai, disse-lhe Jesus; teu filho vive. O homem creu na palavra de Jesus e partiu.” No mundo antigo, milagres e atos de poder eram ligados com a presença da pessoa que operava o milagre. Contrariando essa expectativa, e para mostrar que Ele não era um simples milagreiro, Jesus ordenou ao oficial que retornasse para casa com a certeza de que Ele havia atendido ao pedido a distância. O detalhe interessante nessa parte da história é que, como diz o texto sagrado, “o homem creu na palavra de Jesus e partiu”.
Olhando a maneira como o verbo “crer” aparece na história, podemos dizer que, no começo, o homem cria; depois, ele passou a estar convicto; havia atingido o segundo estágio no seu caminho de fé em Jesus. Afirmar que uma pessoa tem fé é praticamente o mesmo que dizer que ela tem convicção. Mas, nessa história, como em outras partes do seu Evangelho, João usa o verbo “crer” colorindo o termo com diferentes tons semânticos. O homem, no início da história, cria, porém, no desenrolar dos acontecimentos, ele passou a crer um pouco mais, ou, a crer de uma forma diferente. Se, antes, o oficial cria em Jesus apenas como um homem poderoso, depois, ele passou a acreditar que Jesus era diferente dos outros homens que se chamavam poderosos, porque Jesus tinha poder sobre a morte, quer estivesse presente, quer estivesse ausente. Naquele momento, o oficial deu um grande passo em direção à autêntica fé, pois, na história da morte e ressurreição de Lázaro, que aparece no capítulo 11 do Evangelho de João, Marta e Maria, apesar do prévio conhecimento que tinham de Cristo, na hora da provação, disseram: “Senhor, se estiveras aqui, não teria morrido meu irmão” (João 11:21, 32). Enquanto só admirava o SENHOR, o oficial também pensava dessa maneira. Contudo, quando partiu confiado na palavra de Jesus, ele estava saindo do estágio da admiração para o estágio da convicção.
Não é raro encontrar pessoas que admiram Jesus e creem que a Bíblia é a Palavra do SENHOR. Infelizmente, muitos param por aí e não avançam para o estágio final da salvação. Sem isso, o ciclo da crença não se completa, mas sobre isso falaremos amanhã, com fé em Deus.
Aproveite para ler e meditar na história da cura do filho do oficial. É uma história simples, mas cheia de verdades profundas.