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Meditações no Evangelho de João (20): Jesus, o SENHOR do Sábado  

Uma das primeiras ameaças ao Evangelho da graça de Cristo foi o legalismo judeu. De modo simples, o legalismo é fruto da crença de que, pela observação de alguns preceitos da Lei de Deus, entre os quais se destacavam a circuncisão e a guarda do sábado, uma pessoa poderia ser salva, ou, pelo menos, contribuir para a sua salvação. Podemos definir legalismo como a doutrina de que as boas obras podem nos assegurar a vida eterna. Tal heresia ataca o coração do Evangelho de Cristo, pelo qual entendemos que, como diz o apóstolo Paulo, “…o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei” (Romanos 3:28). Foi para combater essa falsa doutrina judaizante que Paulo, sob inspiração divina, escreveu a Epístola aos Gálatas. 

O pensamento de que podemos obter a salvação pela observação estrita do sábado e de outros preceitos da Lei de Deus, além de revelar má compreensão do propósito da Lei, também reduz a eficácia do sacrifício de Cristo para a salvação do pecador, aniquilando a suficiência da cruz e ressurreição do SENHOR. Tal engano era a base das controvérsias em torno do sábado, que foram frequentes durante o ministério terreno do SENHOR Jesus.

Em Mateus 12:1-8, lemos que, certa vez, em um dia de sábado, enquanto passavam por um campo de trigo, os discípulos de Jesus colhiam grãos e comiam, pois estavam com fome. Os fariseus que os observavam acusaram-no de fazer o que Deus não permitia que se fizesse no sábado. Em resposta, Jesus mostrou a incoerência do legalismo farisaico, lembrando-lhes de que, se eles estavam certos, os próprios sacerdotes que sacrificavam no templo estavam violando a Lei de Deus enquanto cumpriam os deveres prescritos pelo próprio Deus. Então, depois de denunciar a hipocrisia dos Seus acusadores, Jesus termina dizendo que Ele não pode ser acusado de quebrar a lei do sábado, “Porque o Filho do Homem é senhor do sábado” (Mateus 12:8).

Ao identificar-se como senhor do sábado, Jesus está dizendo que Ele foi o Autor original do da ideia de separar, abençoar e santificar o sétimo dia da semana da criação. Era uma forma diferente de dizer que a palavra poderosa que deu origem à criação saiu dos Seus lábios. Sendo Deus, Jesus não estava desprezando a Sua própria Lei, porém, aplicando Sua autoridade divina para revelar a função e as limitações da Lei, bem como os equívocos dos judeus em relação a ela. 

Quando uma pessoa abraça a ideia de que pode ser justo perante Deus por meio das boas obras, essa pessoa fica grandemente prejudicada na sua visão espiritual. Sua convicção de que pode receber absolvição dos pecados por seus próprios esforços fecha seus ouvidos para a verdade bíblica de que “o justo viverá pela fé” (Romanos 1:17). Era essa convicção enganosa que tornava os fariseus cegos para os sinais e as palavras de Jesus, apesar de o próprio Moisés, em quem eles diziam crer, ter escrito acerca de Jesus, como está declarado em João 5:47.

Por causa do pecado que habita em nós, somos naturalmente indisponíveis para ouvir e abraçar a palavra de Cristo. Ficamos dando desculpas para não nos rendermos ao Filho de Deus, que, com paciência e amor, continua dizendo: “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (João 5:24). A mensagem é clara: não se trata de esforçar-se e fazer, mas de ouvir e crer… crer somente em Jesus.