Listen

Description

Meditações no Evangelho de João (27): Optando pela glória do Pai

Perto do final do Seu ministério, enquanto exortava Seus discípulos, Jesus fez algumas declarações que, até hoje, não são bem entendidas. Sendo bastante claro e honesto, como sempre o fazia, Jesus declarou que Ele não viera ao mundo com o fim de estabelecer indiscriminadamente a paz e a fraternidade universal. Jesus sabia bem que o mundo deseja a paz, sacrificando a verdade. Esse tipo de paz nunca foi a bandeira de Cristo, por isso, em Mateus 10:34-36, o SENHOR afirmou: “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa.” 

Quando falou que Seus discípulos iriam ter, como inimigos, os da própria casa, Jesus estava compartilhando também Sua própria experiência. Em João, capítulo 7, aprendemos sobre uma ocasião em que Jesus foi tratado com desdém, sarcasmo e ironia por Seus familiares. E o motivo de tal atitude encontramos no versículo cinco, onde lemos que “nem mesmo os seus irmãos criam nele.”

Estava se aproximando a Festa dos Tabernáculos, que era celebrada em Jerusalém. Nesse momento, Jesus já havia realizado a maior parte dos milagres que foram registrados nos quatro Evangelhos. Além disso, em diversas ocasiões, Ele havia defendido que era realmente o Messias enviado do Céu. Seus irmãos tinham consciência dos sinais e do ensino de Jesus, por isso, achando que Ele era um embusteiro com mania de grandeza, propuseram-Lhe que aproveitasse o grande evento religioso que iria acontecer em Jerusalém para fazer uma demonstração pública dos Seus sinais. E disseram: “Porque ninguém há que procure ser conhecido em público e, contudo, realize os seus feitos em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo” (João 7.4).

Não podemos entender toda a intenção por trás da proposta dos irmãos de Jesus. Mas, de modo claro, eles estavam sugerindo que Jesus, por meio de publicidade religiosa, recebesse apoio popular para Sua intenção de ser reconhecido como o Messias. É difícil imaginar quão ofensiva foi essa proposta vinda dos próprios irmãos. No entanto, se retornarmos à cena da tentação no deserto, veremos que os irmãos de Jesus estavam agindo de modo semelhante ao tentador, pois estavam propondo que Cristo buscasse a glória sem passar pela cruz.

Como fizera no deserto, aqui, também, o SENHOR recusou a tentação, dizendo: “O meu tempo ainda não chegou, mas o vosso sempre está presente. Não pode o mundo odiar-vos, mas a mim me odeia, porque eu dou testemunho a seu respeito de que as suas obras são más.” (João 7.6-7). Com essas palavras, Jesus estava esclarecendo que Ele busca a glória que vem do Pai e não do mundo. Assim, Jesus deixa claro que, por manter Seu compromisso com a verdade, o mundo, que, como afirma o apóstolo João, “jaz no maligno”, jamais iria amá-l’O. Naquele momento, Sua decisão era seguir o plano que o Pai traçara, sem se importar se isso resultaria em popularidade e aumento de seguidores. 

O mundo, por natureza, rejeita a verdade. Se vamos seguir a Cristo devemos estar prontos a desprezar a glória do mundo, a fim de recebermos a glória de Deus. No momento, isso pode parecer uma opção não muito boa, porém, a longo prazo, não poderíamos fazer melhor escolha, afinal “o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.” (1João 2.17)