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Meditações no Evangelho de João (28): A verdadeira fonte da vida eterna

Através dos séculos, inspirados por lendas e tradições, exploradores da antiguidade se esforçaram para encontrar a lendária fonte da juventude. Foi assim que o explorador espanhol Ponce de León (1460-1521), nomeado o primeiro governador de Porto Rico, partiu à procura de uma ilha chamada Bimini, que estaria localizada ao norte de Cuba. Por meio dos nativos, Ponce de León ficou sabendo que, nessa ilha, havia uma fonte rejuvenescedora que, segundo a lenda, estava em um local paradisíaco onde também se achava o Jardim do Éden. Infelizmente, em vez de achar a tal fonte da eterna juventude, o explorador espanhol terminou chegando à Flórida, onde, atingido por uma flecha envenenada, morrera em pouco tempo. Na sua busca pela vida, Ponce de Léon acabou encontrando a morte.

O desejo pela fonte da juventude era, na verdade, o desejo de escapar do envelhecimento que resulta na morte. O que Ponce de León e os demais aventureiros queriam era encontrar algo que lhes assegurasse a vida eterna. Esse desejo é inerente a todos os homens, pois, embora o encontro com a morte seja inescapável, o fato é que, enquanto tivermos recursos, faremos o possível para nos agarrarmos à vida. É por esse motivo que a mensagem do Evangelho de João é tão especial, porque seu tema e propósito giram em torno da vida eterna que está disponível a todos que creem que Jesus é o Cristo. Esse alvo é declarado pelo próprio autor do Evangelho que, falando acerca dos sinais que reportara, disse que os que ele selecionou “foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (João 20:31). 

Enquanto a humanidade, na sua busca independente pela vida, termina encontrando a morte, como aconteceu com Ponce de León, Jesus Cristo, o Criador e Sustentador da vida, em João 7:37-38, afirma: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.” Como bem sabemos, por experiência própria e por observação, todos os homens têm uma insaciável sede na alma. O escritor russo Fiódor Dostoiévski foi preciso ao afirmar que “todo homem tem um vazio do tamanho de Deus.” Não é à toa que vivemos como corredores que se esforçam a fim de atingir o prêmio da plenitude existencial. O sonho de cada coração é ser coroado com abundância de alegria, paz e significado. Mesmo os que tiram a própria vida, de modo lento ou imediato, fazem-no na esperança de obter, de alguma forma, esse objetivo. A corrida da vida é natural; e o prêmio, perfeitamente justificável. O equívoco, porém, está em não reconhecermos que, em Cristo, encontramos vida abundante. Davi entendeu bem essa verdade ao declarar: “Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Salmos 16:11).

O que realmente precisamos é restabelecer nossa comunhão com nosso Criador. A Bíblia, que pode ser bem comparada com o manual do fabricante do homem, diz, em referência a Jesus Cristo, que “Tudo foi criado por meio dele e para ele.” E, para não deixar nenhuma dúvida, acrescenta: “Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.” Essas são palavras do apóstolo Paulo, registradas sob inspiração divina, em Colossenses 1:16-17. Separados do SENHOR, nossa alma faminta e sedenta continuará sua vã corrida em busca da vida, seguindo por caminhos que, ao final, são caminhos de morte. 

A fonte da vida eterna não se encontra em um paraíso mítico, misteriosamente escondido em uma ilha lendária. Essa fonte é sobrenatural e torna-se real quando colocamos nossa fé em Cristo e nascemos de novo pela operação do Espírito Santo em nosso coração.  

O que aconteceu com Ponce de León está bem representado em Provérbios 16:25, onde está escrito: “Há caminho que parece direito ao homem, mas afinal são caminhos de morte.” Vinicius de Moraes estava certo quando, no final do seu “Soneto de Fidelidade”, disse que a morte é a “angústia de quem vive”. Por isso, o desejo de escapar da morte vibra na alma de todos os homens, sendo a causa do desespero último que aflige toda a humanidade. Mas nem tudo está perdido, pois Jesus, por meio do Seu Espírito, pode fazer jorrar do nosso interior um rio de águas vivas (cf. João 7:38). Por essa razão, no Salmo 68:20, está escrito: “O nosso Deus é o Deus libertador; com Deus, o Senhor, está o escaparmos da morte.”