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Meditações no Evangelho de João (35): A glória de Deus em meio à tragédia

O capítulo 9 do Evangelho de João está entre os textos mais conhecidos e instrutivos das Escrituras. Nesse capítulo, é narrado que o SENHOR Jesus libertou da escuridão um cego de nascença bastante conhecido e desprezado por causa do seu mal. Por meio desse sinal, Jesus manifesta, uma vez mais, Sua sabedoria, poder e graça divina.  

A sabedoria divina do SENHOR Jesus fica evidente tanto na escolha do homem que será curado quanto no contexto em que será realizada a cura. Como aconteceu no caso do paralítico que jazia junto ao tanque de Betesda, e que esperava, há trinta e oito anos, um milagre, a condição incapacitante do homem cego era plenamente reconhecida pela família e pelos vizinhos. Além disso, o tempo em que aconteceu a cura não podia ter sido melhor. Jesus tinha acabado de declarar: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida” (João 8:12). Curando um cego, ele estava dando evidência palpável de que Ele é a verdadeira luz do mundo. 

O poder divino é perfeitamente manifesto na grandeza impressionante do milagre realizado. Em João 9:32, em discussão com os líderes religiosos, o homem que fora curado afirmou: “Desde que há mundo, jamais se ouviu que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença.” Ele, mais do que ninguém, sabia que somente alguém com poder divino poderia reverter a condição em que ele se encontrava. O poder de Jesus era um grande sinal da sua natureza messiânica, pois, antecipando a vinda do Messias, o profeta Isaías afirmou que Ele iria abrir os olhos aos cegos, tirar da prisão o cativo, e, do cárcere, os que jazem em trevas (cf. Isaías 42:7). 

Por fim, esse sinal revela a graça divina de Jesus. Sem dúvida, o homem que fora curado foi agraciado de maneira especial. Contudo, nesse episódio, a graça de Deus está sendo estendida a muitos que, embora não fossem cegos materialmente, jaziam em tenebrosas trevas espirituais. O peso da cegueira dos protagonistas dessa história era tamanho, que os discípulos, vendo o cego, perguntaram: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” (João 9:2). Por meio dessas palavras, os discípulos revelaram um pensamento errado que prevalecia entre os judeus, isto é, que as enfermidades eram resultado direto de um pecado específico. No caso de uma pessoa que tinha um problema congênito, os judeus pensavam que o enfermo poderia estar sofrendo por causa da transgressão dos seus pais ou por ter cometido um pecado ainda no ventre da mãe. Isso mostra o quanto nossos pensamentos e doutrinas podem nos distanciar da verdade. 

A beleza dessa história não está apenas no fato de o cego ter sido curado, embora não possamos nem devamos ignorar a grandiosidade desse milagre. Mas, se pararmos aí, não teremos aproveitado adequadamente a mensagem emitida por esse sinal. Esse evento é uma perfeita ilustração da nossa condição antes de recebermos o perdão dos nossos pecados, pois, assim como o homem que fora curado, nós também sofremos de cegueira espiritual desde o nosso nascimento. A doença do pecado, que cega os nossos olhos para não vermos a glória do Salvador, é um mal que herdamos dos nossos pais. Essa doença espiritual nos predispõe à pior das cegueiras, pois nos tornam suscetíveis à ação do deus deste século. Em 2Coríntios 4:4, está escrito que “o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.”

A tragédia do pecado nos empurra para vivermos sob o domínio das trevas. Mas, por meio do Seu Filho, O SENHOR Deus nos alcança e diz: “Haja luz”. Seu Espírito nos acorda da dormência espiritual e a tragédia se torna apenas um meio para que a gloriosa luz do Céu brilhe em nós e através de nós.

Jesus é a Luz do mundo. Receba-O e saia, para sempre, da escuridão do pecado.