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Meditações no Evangelho de João (37): A opção pela cegueira (parte 2)

Jesus fez milagres, mas não como um mero milagreiro. Por isso, João preferiu usar a palavra “sinal” no lugar da palavra “milagre”. Ao realizar os sinais descritos nos Evangelhos, O SENHOR não estava simplesmente dando evidências do Seu poder sobrenatural. O propósito dos sinais era chamar a atenção para o fato de que Ele é realmente o Cristo, o Filho do Deus vivo. Dessa forma, aqueles que, honestamente, estavam dispostos a considerar a revelação dos sinais e prodígios tinham seus olhos abertos e o coração inclinado a crer em Cristo, recebendo, assim, a vida eterna. 

Por trás da espetacular cura do cego em João, capítulo 9, o leitor poderá perceber a existência de uma verdadeira batalha entre a luz e as trevas; entre a visão e a cegueira. Nesse capítulo, nota-se uma grande inversão, pois o cego é o que terminará vendo, enquanto os que veem continuarão cegos. Nos extremos opostos, estão o cego que foi curado e os judeus que procuravam meios para desacreditar o sinal, porque não gostavam da mensagem que ele emitia. 

Enquanto debatiam com o ex-cego, os religiosos judeus procuravam convencê-lo de que Jesus era pecador, pois havia quebrado a tradição do sábado. A esse respeito, a resposta do homem que fora curado revelou uma irrefutável e poderosa convicção. É o que vemos, por exemplo, no versículo 25, onde o homem que recebera a cura afirma: “Se é pecador, não sei; uma coisa sei: eu era cego e agora vejo.” E completou: “Sabemos que Deus não atende a pecadores; mas, pelo contrário, se alguém teme a Deus e pratica a sua vontade, a este atende. Desde que há mundo, jamais se ouviu que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. Se este homem não fosse de Deus, nada poderia ter feito” (João 9:31-33). Quando o mapa não bate com o caminho, esqueça o mapa e siga o caminho. Os judeus desprezaram essa verdade e preferiram seguir o mapa das suas crenças, rejeitando o Caminho da vida, que se abria diante deles. As evidências em favor da verdade do SENHOR Jesus eram bastante claras, contudo os fariseus decidiram que não iriam vê-las. 

No final da história, Jesus se manifesta ao homem que fora cego, o qual, imediatamente, creu em Cristo e O adorou. Sabendo da resistência e da negação dos judeus, Jesus disse ao cego: “Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os que veem se tornem cegos.” (João 9:39) Ao ouvirem tais palavras, alguns fariseus Lhe perguntaram: “Acaso, também nós somos cegos? (João 9:40). Então, Jesus respondeu: “Se fôsseis cegos, não teríeis pecado algum; mas, porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado” (João 9.41). 

  Na sua condição natural, todos os homens são incapazes de perceber a glória de Deus na pessoa do Filho. Entretanto, Deus, sabendo que estamos espiritualmente cegos, envia-nos a luz da sua revelação escrita, que é um reflexo do SENHOR Jesus Cristo, a Sua revelação encarnada. O problema é que, mesmo estando expostos à luz, os homens amaram mais as trevas do que a luz. Não é uma questão de ignorância, mas uma deliberada opção pela cegueira. O cego que reconhece sua necessidade tem esperança. Aquele, porém, que faz opção pelas trevas, jamais verá a Luz do mundo.  

O filósofo inglês, Bertrand Russel (1872-1970), reconhecido por seu ateísmo e sua consumada rejeição à fé cristã, certa vez foi perguntado: “Se um algum dia você se encontrasse com Deus, o que você diria em defesa do seu ateísmo?” Ele respondeu: “Diria: você não me deu bastante evidência”. Com base naquilo que diz a Escritura, o filósofo inglês, que morreu em 1970, já se encontrou com Deus, pois está escrito que “aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hebreus 9:27). Como foi o encontro, o diálogo e o juízo, não temos como saber. Mas, se Russel tiver alegado falta de evidências para crer, provavelmente, o SENHOR lhe respondeu: “As evidências do meu poder na criação e do meu amor na cruz estão disponíveis para todo aquele que queira ver. Da minha parte não faltaram evidências, da sua parte, porém, faltou vontade de percebê-las.” 

Em João 8:12, Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida”. Você quer seguir a Cristo ou prefere ficar nas trevas?