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Meditações no Evangelho de João (38): Ouvindo o Bom Pastor

A visita ao querido casal Moura e Graça foi um verdadeiro presente. Depois de uma final de semana abençoado em uma conferência na cidade de Camocim, o almoço com a família seria uma graça adicional. Além da agradável comunhão ao redor da mesa, a visita foi enriquecida com um passeio na propriedade. Ciceroneados pelo senhor Moura e seu genro, Diego, enquanto caminhávamos, éramos instruídos acerca da fauna e da flora da região. Imersos no maravilhoso mundo da natureza, desfrutamos de preciosos momentos, contemplando, entre outras coisas, a enorme quantidade de tilápias que subiam à flor da água para engolir punhados de ração que eram lançados da margem. Ao final, enquanto conversávamos sob uma frondosa azeitoneira, ainda tivemos a surpresa de ver um enorme camaleão que, por ter perdido o equilíbrio, quase caiu sobre as nossas cabeças, enquanto fazia seu pouso forçado.

O ápice da excursão campestre, porém, foi a visita ao curral das ovelhas. Com a nossa aproximação, o rebanho agitou-se. Como éramos “estranhos no ninho”, as ovelhas logo trataram de fizer um protesto em massa com berros altos e alternados. No entanto a paz voltou a reinar, quando o irmão Moura, à porta do curral, chamou: “Canindé, Marrom, Belinha, Morena…” Ele as conhecia pelo nome, e elas o identificavam pela voz familiar. E assim, à medida que atendiam ao chamado, o pânico deu lugar à paz, e todo rebanho parecia estar seguro. 

Como não podia deixar de ser, a cena me trouxe à memória João, capítulo 10, especialmente, o versículo três, onde, falando acerca do bom pastor, lemos que “as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama pelo nome as suas próprias ovelhas e as conduz para fora” (João 10:3). Jesus usou essa palavras ao proferir uma parábola na qual ilustrou o marcante contraste entre o pastor que ama e protege as ovelhas, e o salteador que se aproxima para roubar e destruir o rebanho.

O ensino de Jesus em João, capítulo 10, está inserido no mesmo contexto do relato da cura do cego no capítulo nove. Como podemos ver no texto, a cura do capítulo nove desencadeou um debate entre Jesus e os líderes religiosos, aos quais Jesus condenou por causa da sua cegueira espiritual. Esses líderes, que eram os guias ou pastores do povo de Israel, são comparados, no início do capítulo dez, a ladrões e salteadores. O motivo é que eles, enquanto impediam que as pessoas se aproximassem do bom Pastor, exibiam uma postura destrutiva que apenas contribuía somente para morte das suas ovelhas. 

Assim como aconteceu nos dias de Jesus, nós também corremos o risco de ser enganados por lobos em pele de cordeiro, e por ladrões que se apresentam como pastores. Por esse motivo, precisamos pedir ao SENHOR que nos dê discernimento para separar a verdade da falsidade; o amor, da dissimulação. Não nos enganemos, pois o linguajar e os rituais religioso, apesar da aparência de piedade, podem servir como poderosos invólucros úteis apenas para disfarçar o engano. 

As profecias bíblicas nos advertem que, nos últimos dias, haverá um crescimento exponencial na iniquidade. Isso significa que muitos surgirão usando o nome de Cristo, os quais o SENHOR jamais reconheceu como Seus discípulos. Em Mateus capítulo sete, lemos acerca de muitos que, ao enfrentarem o juízo final, dirão: “Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?” Apesar desse discurso cheio de fervor religioso, o SENHOR lhes dirá explicitamente: “Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade” 

(Mateus 7:22–23).

Infelizmente, ladrões e salteadores continuam agindo com o fim de destruir as ovelhas do SENHOR. Se queremos realmente ser poupados da destruição do engano, precisamos ser capazes de identificar a voz de Jesus. Para isso, nada pode ser mais útil do que as Sagradas Escrituras, pois, Jesus, na oração sacerdotal, intercedendo por Seus discípulos, pediu ao Pai: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17:17).