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Meditações no Evangelho de João (39): A Dívida Eterna Paga pelo Salvador Eterno

No dia 7 de janeiro de 2018, eu iniciava uma série de sermões com o seguinte título: “Relembrando as maravilhas do evangelho.” Nessa época, alguém me havia encaminhado um curto vídeo no qual o genial escritor Ariano Suassuna, em uma entrevista, falava acerca da sua crença na existência de Deus. Surpreso com a afirmação de Ariano, o entrevistador pediu que o poeta comentasse um argumento do escritor, filósofo e romancista franco-argelino Albert Camus, que era um ateu combatente. Com sua inteligência e conhecimento muito acima da média, Ariano informou ao entrevistador que os dilemas que desafiam a fé em Deus tinham sido mais bem expressos pelo poeta Leandro Gomes de Barros. Ariano, então, cita a poesia do cordelista paraibano, cuja primeira estrofe diz: “Se eu conversasse com Deus / Iria lhe perguntar: / Por que é que sofremos tanto / Quando viemos pra cá? / Que dívida é essa que a gente / Tem que morrer pra pagar?” 

Sempre admirei a coragem de Ariano Suassuna de assumir sua crença em Deus, pois sabemos que, entre os intelectuais, ser ateu é quase requisito para conseguir algum reconhecimento. O que me entristeceu, enquanto assistia ao vídeo, foi notar que Ariano, embora entendesse que crer em Deus é indispensável para que uma pessoa veja algum sentido nesta vida, aparentemente não tinha uma resposta para as perguntas simples e profundas do poeta popular, especialmente quando o cordelista de Pombal diz que, se pudesse, perguntaria a Deus: “Que dívida é essa que a gente / Tem que morrer pra pagar?” 

A solução para os dilemas dos sábios e dos ignorantes, dos grandes e dos pequenos, dos simples e dos requintados está no Evangelho de Cristo. Para a pergunta com a qual Leandro Gomes de Barros se debatia, não há resposta no raciocínio humano. Por mais que tente equilibrar a equação, o homem jamais conseguirá descobrir o “x” da questão. Como diria Carlos Drummond de Andrade, para onde o homem se voltar, haverá sempre uma “pedra no meio do caminho”. 

A dívida que demanda a morte, segundo as Escrituras, é o pecado. Em Romanos 6:23, está escrito: “... porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.” Esse salário aparentemente desproporcional explica-se pelo significado bíblico de pecado, que, em termos simples, é uma agressão contra o Deus eterno. Quando cometemos pecado (aliás, isso faz parte da nossa rotina), contraímos uma dívida eterna. Portanto, para que o castigo corresponda, com justiça, ao crime cometido, será necessário uma punição eterna. Essa é a lógica do Evangelho pela qual podemos entender a necessidade da existência do inferno, lugar de juízo eterno. A pessoa pode não concordar com o Evangelho, mas não pode negar que essa é a mensagem de Jesus e Seus apóstolos. 

Graças a Deus, a mensagem do Evangelho não apenas revela a lógica da condenação eterna, como também apresenta o caminho do perdão, da justificação e da salvação eterna por meio do nosso SENHOR Jesus Cristo. Para isso, precisamos apenas meditar em João 10:11, onde Jesus afirma: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas”. Por nós mesmos, não temos meio de fugir do terrível salário do nosso pecado. Contudo, se corrermos para Cristo, colocando somente n’Ele toda a nossa confiança, seremos salvos pela Sua morte e assegurados eternamente pela sua ressurreição, pois “Aquele que não conheceu pecado, ele (Deus) o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Coríntios 5:21). 

A dívida do homem demanda a morte. Mas a morte não tem poder sobre aqueles que estão abrigados em Cristo. Crendo n’Ele, recebemos completo perdão, completamos neste mundo nossa breve carreira e, depois, somos recebidos na glória. 

A perplexidade de Leandro Gomes de Barros e de Ariano Suassuna somente tem solução em Cristo, o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.